sábado, 18 de abril de 2020

Imenso Jardim


Há alguém que morava em mim, que me deixou e foi embora quando fostes...
Este alguém era sensível, transformava as dores em poesia e sonhava...
e sonhava...

Como espelho do arquiteto, Baphomet fez nascer asas em mim...
Grande e majestosas como as dele...
suas chaves me deram acessos a tantos mundos
que os sonhos se perderam de mim para esbarrar comigo neste mundo...

Mas todo poder que passa por minhas mãos não foi suficiente para eu viver o amor que vi nascer por entre as rochas,
como a água que misteriosamente surge...
Pudera ter o poder de mudar tanto quanto a água...
Seria gelo para tua desonra...
seria água corrente para nossas lembranças...
seria águas termais para aquecer o amor que ainda existe em algum lugar...
seria águas salgadas e revoltas em teus pensamentos
Por fim evaporaria dos rios e choveria junto a tempestade
para aprenderes a não ser metade
para quem só sabe ser inteiro...

Pudera saber perdoar e viver este luto sem essa dor...
Definho a cada resquício de ti...
Então antes de envelhecer
Acordo mais uma noite sentindo outro corpo quente...
Todos os caminhos e descaminhos do amor me levam de volta ao nosso jardim...´
Mas também construí outros,
mais lúcidos... e que não se tornem inalcançáveis quando o desejo me torna quem sou...
Meu amor por ti envelhece e agora definha como o arco íris de seu pai ao passar a chuva...

As estradas que me levam a ti estão bloqueadas e não há ponte que atravesse um oceano inteiro...
Então desisto...
Desisto de amar sozinho...
de sonhar sozinho...
de cuidar deste imenso jardim sozinho...
de viver uma vida que seria a dois sozinho...
já pensei em desistir até dos nossos filhos, mas este amor ganhou a paternidade como forma e propósito...
então sigo com eles, sigo com meus amantes que se esforçam em ser bons...
sigo escrevendo, sentindo, vivendo, sonhando, transando... Cantando horizontes plenos e sem você...
Aquele cara que fez as malas e contigo foi, voltou...
Voou de volta pra mim com as asas que um dia nasceram da entrega mais verdadeira que já tive, que não foi a você ou ao amor que um dia nutri, mas por quem fez nascer estas asas, que agora alçam vôos altos e dantescos e por fim me levam pra bem longe do que um dia foi amor...
E agora é apenas o avesso de uma fantasia que já se perdeu de mim...
Até o infinito...

Cléber Otávio.

Entre Mundos


Todos os dias me reinvento...
todos os dias reinvento sua imagem em minha mente para não te perder mim e ficar vazio por dentro...
Cada dia seu rosto é de alguém diferente...
cada dia teu corpo tem uma forma nova em minha imaginação...

Navego pelos mares insólitos da solidão à noite
desbravando o absurdo em florestas sombrias para não te encontrar de novo...
Viajo entre os mundos e passeio entre tantos corpos que me perco...

Cada novo amante é uma pobre sombra do que um dia fomos um para o outro...
Mas por vezes me esqueço disso tudo e me entrego...
vou nos jardins que construímos para viver nossa felicidade com outro
e lá vivo por instantes o que gostaria de viver contigo...

Então...
Todos os dias me reinvento...
Todos dias reinvento sua imagem em minha mente
pois levaste contigo uma parte de minha alma e
vivo na busca incessante de me completar de novo...

Ouço nossa música em minha playlist mais uma vez, pois não consigo tirá-la...
vejo nosso filho cantando o que antes cantávamos juntos e gelo o meu coração
e por ele sou jogado no rio das lembranças...
Me faco águia e alço vôos rasantes pelo rio a procura de mim mesmo,
pois fico perdido entre a realidade e os sonhos que construímos juntos...

Mas não me encontro, sinto apenas o vento a tocar minha face,
levando com ele as penas velhas que caem do meu corpo...
Meus olhos avistam lá do alto mais uma presa fácil...
então lá vou eu...
De águia me faço homem novamente...
e como todos os dias me reinvento,
reinvento tua imagem para não me perder de mim...

Cléber Otávio

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Solidão Íntima

A solidão...
Por vezes tão doce
Por vezes arde como a velhice que aos poucos alcança meu corpo...

A solidão íntima é como um prêmio de consolação para quem muito amou...
ou ama...

Nem todos dias dói. Por vezes a solidão é poder escutar a voz do meu mestre interior, é poder contemplar uma jovem gaivota a pairar pelo ar, dividindo comigo sua leveza pelo simples fato de voar...

A solidão por vezes me permite ver e viver as paisagens mais lindas dentro e fora de mim...
Nem sempre bonita... nem sempre nefasta a solidão íntima é o preço do sacerdócio...
É o sacrifício de um sonho recheado dedesejos por um bem maior...

A solidão é o que vivo hoje como realidade íntima e afetiva...
É o que faço é o que sou...
Apenas lembranças boas de um corpo e de companhias que já se foram...
Apenas dores...
Apenas sonhos inalcançáveis e seniltimentos funestos...
A solidão íntima...
É como viver sem esperança é como ter uma doença e não poder cura-la...
É como ter um corpo e jamais poder
Gozar com ele...
a solidão é um fardo...
É uma benção...
É um desastre ou ainda assim
O início de um novo caminho
Mais próspero afetivamente...

Cleber Otavio

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Senhora do Mar...



O movimento de tuas águas traz calma
Limpa o corpo e a alma...
Tua grandeza quase imensurável guarda grandes segredos em sua profundidade...

Abriga o inconsciente do mundo e de todos os seres...
Cemitério de corpos, barcos navios e almas perdidas...
A escuridão de suas águas é nosso ponto de partida...

Para o corpo e a vida...
Grande senhora do mar...
Que o sal de suas águas preserve a pouca ternura que em meu peito restou...
Que teu colo dissolva minha enorme solidão íntima...
E os ventos que pairam teus mares leve essas dores embora e me refaça...
Me renove, me evele atéas montanhas mais altas para enfim renascer...

Cleber Otavio.


Refletes o céu e as gaivotas que

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Bem viver

É dificil renascer
As feridas são fundas
Os desafios são muitos

Os mistérios entre os mundos são como brumas densas de uma alvorada incerta...
Quantas noites e quantos dias o Sol e a Lua apenas se acenam sem jamais se tocar...
Quantos sacrificios mais serão feitos?
Quanta dor é necessaria para se fazer um homem, um guerreiro,um monstro?

Como desbravar o desígnio dos deuses sem se perder de si?
Se o dia amamhecerbe eu estiver neste corpo talvez eu descubra...
Vou acordar mais um dia...
Vou dormir mais uma noite...
Vou gozar antes que seja tarde...

Não sou Deus nem astro...
Fico satisfeito em ser apenas eu...
E continuarei voltando...
Pois para descobrir os mistérios da vida...
É preciso viver
Um dia de cada vez...

Cléber Otávio.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Tua Jovialidade...


...Tua jovialidade,tua coragem desastrada, ávida e ansiosa por desbravar as muitas florestas da vida...

Tua jovialidade alimenta a esperança que por vezes fica entorpecida com a velhice que arde com a saudade de um tempo e um corpo que já não me pertencem...

Tua jovialidade me teletransporta para a mocidade que renasce com teu sorriso e tua voz quando fala ao meu ouvido...

Tua jovialidade em meio a tua existência me remete a uma alma antiga em um corpo jovem... que quando me abraça posso sentir tua alma que ultrapassa a inocência que o tempo que o seu corpo na terra tem...

Tua jovialidade é apenas fisica...
Pois sinto como se já estivéssemos corrido por muitos caminhos juntos...

Mas do amanhã espero apenas o gozo que tua jovialidade me traz ao encontrar com a minha maturidade...
Espero apenas que nossas almas se abrassem sempre que tivermos contato...
Como se o amanhã não pudesse existir...

Cleber Otavio.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Dois dias na Eternidade


O tempo passa e com ele as poesias que não escrevi...
Os amores que não vivi
As paisagens que não vi
Ou mesmo as canções que não ouvi...

Mas bem como o a roda da vida, o tempo anda sempre pra frente neste plano...
Nossa já se passou um ano!
Quanto tempo se vive como humano?

Apenas dois dias na eternidade
Nem há tempo pra saudade
Ou pra medir minha idade...

As noites vão os dias vem
Vejo tudo pela janela do trem...
Trem da vida que acabou como um sonho...
Acordei no infinito, risonho

Por não me acabar
Por sentir e ainda amar
Por poder gritar, cantar...
E por fim entardecer com o horizonte
A me fazer mar...

Cleber Otavio

sábado, 3 de agosto de 2019

Escombros de amor

Fujo do sentir para não ser o que não quero...
Deixei o que construímos porque não há como manter sozinho o que foi feito para ser mantido por dois...

Então saio caminhando deste lugar bonito, com algumas lembranças... ternas,mas dolorosas porque tornaram se uma miragem...
Um sonho distante como o ápice de nosso amor...

Sigo em minha solidão por lugares escabrosos que construí para viver sozinho...
Sem esperança de viver a poesia que parece ter sido perdida...

Abro os olhos e tenho o calor de outto corpo...
ACordo sorrindo até perceber que não é você...
Finjo que está tudo bem e que realmente não te gosto, pois meu coração é duro e minhas lágrimas já secaram...

Ouço o rádio e nas notas cantadas, vejo nos versos a poesia que vivíamos...
Bocejo para disfarçar e por fim olho na estrada a vida que ficou pra trás...

E agradeço por estar aqui para escrever isso e me manter lúcido diante de tanta desonra...
Afinal, eu não consigo mais viver em escombros de amor...
Pois a grandeza que mora em minha alma não cabe em lugares ou sentimentos pela metade...

Cleber Otavio.

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Inverno das paixões


De repente o inverno das paixões se foi...
A luz do dia fez acordar as flores e a esperança novamente...
Sim...
Alguém tirou toda a tristeza que eu carregava Na alma...

Me devolveu um sorriso sincero
Me fez esquecer o que me fazia sofrer e
Por fim me aqueceu,
Aqueceu meu coração gélido e sofrido...
É...
você voltou...
E rogo apenas que aí nos campos da solidão aonde vives minha presença não se desfaça com sua tristeza...
Logo os muros que nos separam cairam...
Logo teremos um horizonte lindo pela frente
Correremos nus pelos vales e montanhas no mundo que construímos para nossa felicidade...

Ah se o amor pudesse ser medido com água...
Eu te amaria como um oceano...
Se o amor pudesse ser medido em cores,
nosso arco irirs seria infinito...
Infinito como o céu quando visto das montanhas...

Seque suas lágrimas agora,
Pois logo o único motivo que terás pra chorar é a felicidade...
Nunca mais de saudades...
Pois o inverno das paixões vai acabar e uma florida e terna primavera há de nos abencoar...

Cléber Otávio

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Coração da Floresta

Mais um dia amanhece, e a cama está vazia novamente...
Sem meus pupilos para amar
Vou desbravar a floresta...
Antes rezo ao Deus cornífero e peço proteção a Sarita Saragô...

Passo pelas avenidas largas até chegar a floresta e por elas me perco...
Me perco para me encontrar em seu coracão.
Magestosa e poética como sempre...

No calor do interior de um corpo desejoso de mim, em êxtase encontro o que há de melhor e mais sagrado em meu ser...

Meu animal de poder que sempre me guia
De forma poética e viril...
Alguém retirou o peso de meus anseios,
O infinito está longe ainda,

Mas já vislumbro os unicórnios a voar a arvore sagrada da vida,anunciando um bem viver que logo despontará...

Cleber Otavio.

terça-feira, 30 de abril de 2019

A Morte lhe cai bem


Apenas a morte lhe cai bem...
Tantas meias escolhas,
tantas mentiras
Tantos devaneios fúteis
Sobre o amor...
Sobre a dor, a beleza ou falta dela no bem viver...

A dor de estar vivo e de amar outro igual com tanta força e ainda assim não conseguir de sentir bem com isso...
Nunca poderão nos acusar de amor...
Mas quem inventou a dor?
Foi quem fugiu...

A mãe Lua nos abençoou...
E hoje nos observa enquanto senhora dos mortos...
Por isso
Certamente a morte lhe cai bem...

Cleber Otavio

quinta-feira, 11 de abril de 2019

A Lucidez se perde no Absurdo...

A lucidez se perde no absurdo
quando negamos nossa essência...
quando a inabilidade vence o amor
quando a distância sufoca a verdade...
A verdade que está dentro de si...
A verdade que está em tudo e ainda assim
O absurdo encontra saída...

A lucidez se perde no absurdo
Quando a doença despreza o brilho da mãe Lua...

Quando os descaminhos se tornam caminhos e se cruzam como poesias gêmeas que se perderam no infinito e se reencontram no esplendor do perdão...

A lucidez se perde no absurdo com as surpresas boas ou ruins...
Com as escolhas inesperadas...
A lucidez e perde sim no absurdo quando entro no mundo do outro e me perco de mim para entende-lo...
Submerso em seu mundo eu me encontro com a versão que fazes de mim em seu interior...
Chocado com a distância que tenho de tal coisa, demoro para encontrar a saída...
Demoro mais ainda para voltar pra mim...
Demoro ainda mais para aceitar tal visão...

Já morando em mim, minha lucidez se perde no absurdo mais uma vez, pela minha tolice de acreditar que pode ser diferente...
Por outro lado como não acreditar em coisas tão fortes como o amor?

Se eu não acreditar nisso minha lucidez vai se perder pra sempre no absurdo e a loucura tomará seu lugar...
Então sigo acreditando que o amor acontece em terras férteis...
E antes de morrer os pássaros carregam sua semente para outra terra...
Por que o amor não se perde, apenas se transforma para acontecer aonde pode ser acolhido...

Cleber Otávio.

domingo, 10 de março de 2019

Justiça

A justiça...
É cega, surda mas fala
Com o tempo
Com o vento...
Age no limiar que está entre a vida e a morte
Por vezes silenciosa
Por vezes anunciadora
Mas sempre assertiva...

A justiça é companheira dos imortais
Dos que tem consciência
Dos que tem principio...
E inimiga severa dos mentirosos...

Age nos espaços que o tempo não existe
Age entre os mundos
Age no seu mundo interno sem perceberes
E por fim age em todos os caminhos...
Ajustando cada ponto e vírgula em sua balança...

A justiça nunca tarda e jamais falha...
Apenas se transforma no que for necessário para acontecer e nunca deixar de existir...

Cléber Otávio.