sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Imensidão Nefasta

Caminho por entre as brumas
Que se dissipam conforme caminha minha gratidão...

Desbravo muitos caminhos e descaminhos entre a dor e a solidão de não ter cúmplices do que carrego na eternidade do meu interior...

Então dou a mão... ora a luz, ora a escuridão que me guarda...

Afogo nas águas turvas de Shiva as sombras que tentam me levar ao desespero e me lavo de esperança...
Nado bravamente até a margem e o cenário que minha imaginação cria se desfaz na imensidão nefasta e criadora de quem me guia...

Como cego que ganha a visão repentinamente, me sufoco com a luz que a consciência traz...
Por fim despertei...
Mas o sonho... ah o sonho ficou gravado em mim...

Cleber Otavio.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Marcas

Carrego marcas pelo corpo, pela alma...
E elas não me dizem quem eu sou...
As adversidades que mudam de forma dentro ou fora de mim estão sempre presentes e muitas vezes tentaram sabotar o que vivo ou me dizer o que fazer ou sentir...

As marcas, pelo corpo, pela alma, pelo rosto, os meus cabelos brancos são claros sinais das muitas batalhas que passei...
Como guerreiro iniciado...

Sou senhor de mim, pois minha lucidez acontece sempre que o guardião dos meus caminhos me faz olhar a mim e tudo que há em volta pelos seus olhos...

Cleber Otavio.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

O ensurdecer das Moiras


Arrastei correntes pela escuridão,
Beijei demônios embevecidos em breu
Nas psicodélicas noites eletrônicas de Talamasca...

Mas quando o penhasco se abriu em minha frente...
Me joguei sem exitar...
Me banhei no esperma de deuses Sonâmbulos
Corri de mim para me abraçar no fim da estrada...
Sangrei, cantei, gritei até ensurdecer as moiras...
Para terminar na montanha solitária mais uma vez..
E lá ouvi os pássaros cantarem o futuro...
Vi os demônios se fazerem anjos...
Vi a moral perder a razão...
Vi as crianças crescerem...
Algumas virarem monstros e outras...

Vi o céu ficar rubro ao entardecer...
E quando o Pai Sol se deita sobre o grande rio...
O grande espelho das almas...
e ao desvelar os segredos das montanhas,
das águas furiosas e dos furacões da terra acordo de um sonho chamado vida...

É quando a velhice já ardeu todas as dores de um corpo que já não existe, então...

Pisco com os olhos de Deus na eternidade e então tudo faz sentido...

Cavalgarei para mais uma vida,com apenas uma mochila que só olharei quando for preciso...
O louco?
Não! O iniciado...

Cleber Otavio

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Espelhos Tortos


Não gosto de espelhos
Não porque não gosto de minha imagem
Mas porque o que espelho quase ninguém vê...

Não gosto de espelhos
Não porque não gosto de sua imagem
Mas porque ainda não inventaram
Algo que espelhe as almas...

Gosto de espelhos vivos...
Como os lagos, as lagoas e os mares
Que espelham o céu
Que espelham o rosto dos Deuses
E a face do infinito...

Cleber Otavio.

Da Fuga


Perdi-me muitas vezes pelo mar,
o ouvido cheio de flores recém-cortadas,
a língua cheia de amor e de agonia.
Muitas vezes perdi-me pelo mar,
como me perco no coração de alguns meninos.
Não há noite em que, ao dar um beijo,
não sinta o sorriso das pessoas sem rosto,
nem há ninguém que, ao tocar um recém-nascido,
se esqueça das imóveis caveiras de cavalo.
Porque as rosas buscam na frente
uma dura paisagem de osso
e as mãos do homem não têm mais sentido
senão imitar as raízes sob a terra.
Como me perco no coração de alguns meninos,
perdi-me muitas vezes pelo mar.
Ignorante da água vou buscando uma morte de luz que me consuma.

Frederico Garcia Lorca

sábado, 2 de setembro de 2017

Armadura


A montanha solitária é aonde descansam as almas dos grandes guerreiros...
Para chegar lá...
Terás que ser honesto
Terás que dizer a verdade
Terás que fazer o teu melhor
E ainda assim sempre haverá aqueles que dirão Que suas palavras são falsas...
Que suas atitudes são levianas
Que o seu melhor não é suficiente...

Serás testado até o limiar da loucura
E quando sentires que não precisas mais do aval do outro para ser você mesmo...
Quando as atitudes insanas na sua volta deixarem de te afetar...

Então é sinal que a armadura que foi dada a ti pelos grandes guerreiros está sendo usada.
Por fim acordas um dia abraçado na doce solidão das montanhas com a inigualável sensação de ter vencido a si mesmo...

Cleber Otavio.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Canção

Beijar te? É como se a música mais linda tomasse forma humana e por instantes eu pudesse não cantar, mas me deixar tocar por todas as notas... de você, minha mais bela canção...
A distância é o alimento de minhas fantasias...
É o que dá vida aos poemas insólitos de saudade...
É o vento que permeia as montanhas fúnebres de um sentir proibido...
Então me entrego às lágrimas sentidas de canções bregas...
Escrevo coisas para entregar te, que nunca chegam...
Imagino cenase lindas e recheadas de paixão...
Até que depois de passearmos juntos pelo infinito livres das amarras dos nossos corpos...

Acordo mais um dia...
Com a cama vazia...
Mas ainda com a alma cheia de ti...

Cleber Otavio.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Sabedoria das Aguas

Será que cavalgarei assim
Sempre solitário pela vida afora?
Eu e meus guias
Eu e meus pensamentos...

Em meus pensamentos
Viro um grande pássaro
Que desbrava a fúria das montanhas
Ou a imensidão dos oceanos
Vôo incansável até o fim do mundo...

No fim do mundo
Entôo canções de misericórdia
Aos pés da grande senhora
Em sua lagoa me espelho...
Então me faço Lagoa
E em sua força me desfaço
Para então por instantes vivenciar
A grandeza e a sabedoria de suas águas...

Depois de algum tempo
Das águas me liberto
E Com suas forças
Tomo meu posto diante dos Deuses...

Na espada do grande guerreiro me refaço
e nela encontro boa parte de minhas forças...
Na adaga da grande senhora que faz girar a roda da vida me componho...
Com a bênção de todos os ancestrais...
A paz que antes fora perdida...
Renasce
E o amor desencanta os muitos caminhos da grande mãe...
Do grande pai...

É assim Sigo cavalgando pela vida
Solitário apenas aos olhos dos menos evoluído...
Mas sem jamais estar sozinho...

Cleber Otavio.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Caminho Incansável


Caminho e meus pés tocam o que a estrada oferece...
Caminho e meus guias me mostram apenas o que minha mente, meus olhos e meu coração
está disposto a ver, tocar ou sentir...

Caminho... e meu caminhar é sempre de aprendiz...
Caminho e na busca de curar-me vou curando os moribundos que encontro
e a luz que me ilumina irradia não apenas os porões de minha alma
mas também das almas que toco...

Caminho e por vezes apenas por caminhar fico surdo, mudo e cego para o que não me faz bem...
Caminho... e a cada passo vivo uma nova lição... Percebo coisas que sempre ali estiveram, mas nuncas foram vistas...
Toco coisas que nunca toquei porque nunca me permiti...
Sinto coisas que nunca senti porque meu coração cria um muro em sua volta para proteger-me de mim e do que o despedaça...

Por fim caminho sempre e mesmo machucado, cansado não deixo de caminhar
porque a roda da vida anda sempre para frente e o segredo da cura...
mora no movimento...
Então caminho incansável até o fim...

Cléber Otávio.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Luz e escuridão


Não há fronteiras que separem os medos e as dores da alma...
A cada passo em direção a eternidade
Se abrem caminhos internos.

Entre a luz e a escuridão moram as escolhas e o silêncio eterno dos sábios...
As paixões distorcem olhares serenos e entorpecem os sentidos...
O amor alimenta a alma e mostra a verdade sobre todas as coisas...

Quando se tem amor próprio...
Atrai-se amor e bem viver em tudo...
Quando não...
Há apenas miséria e dor...

Cleber Otavio.

domingo, 9 de julho de 2017

Sozinho...


Todos os meus sentidos te procuram...
Mas não te encontram
Então Peregrino pelas muitas estradas
Situadas entre os apelos sagrados ou mundanos
Que encontro pelos caminhos e descaminhos de um andar solitário...

A saudade me faz derramar lágrimas ao cantar nossas canções...
Me faz curar tua falta em falos falsos ou em travesseiros sinuosos como teu corpo...
Me perco entre a realidade e a fantasia e por vezes me perco de mim na esperança de te encontrar...

Mas há um imenso espaço que nos separa...
Algo que te faz inalcansável como o sentimento que nutro...
Então sigo sozinho, na dor imensa e inconstante que tua falta provoca em minha alma...

Cleber Otavio

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Mar de Desejos

Caminho num grande muro...
Situado entre a realidade que me ofereces
E o mar de desejos que nossos inconscientes despejam...

Poderia ser um gramado castanho...
Mas é o cheiro do castanho dos seus cabelos
Que me inebria...

Poderiam ser as montanhas que se perdem no longínquo Horizonte mas...
É nos vales ingênuos e íngremes do teu corpo que meus sonhos se perdem...

Poderia ser qualquer textura
Poderia ser qualquer língua
Poderia ser qualquer corpo...
Poderia ser qualquer um...
Mas é você...

Eu poderia amar qualquer um
Alguém que não fizesse em pedaços meu peito
Alguém que não tivesse vergonha de si
Alguém que se jogasse nos vales da paixão sem medo...
Mas minha alma desgraçadamente sempre esbarra na tua...

Como se os caminhos que percorro sempre levassem a ti...
Como se fosse uma maldição a me provar...
Como se fosse uma ferida que se abre sempre que me tocas...

Mais uma vez meu ferimento é tão grande...
Que não posso mais ser tocado...
Então me escondo do sentir...
E na pouca razão que me sobra
Me curo...
Até te encontrar...
Para Mais uma vez me despedaçar ao te amar...

Cleber Otavio.

domingo, 11 de junho de 2017

Eternidade Etéria

Tua partida é como uma navalha
Que passa pelo meu peito...
Tua presença é ainda sentida nos meus cobertores...
Não há espaço entre a saudade e às lembranças...
Não há nada em meu quarto
que não tenham teu cheiro
E o gosto dos teus lábios...

Eu já não me lembrava quem eu me tornava
Quando me sentia tocado, amado, protegido por alguém...
Não me lembrava da sensação de voltar pra casa e cair dentro de um abraço caloroso...

Eu já não lembro quem pintou o céu de azul
Ou mesmo meu nome nesta floresta imensa chamada paixão...
Por vezes caminho sobre o mar
Ou sobre as águas turvas do inconsciente das nuvens...

Por fim alguém me chamou...
O calor do teu corpo sessou.
E tudo que havia de mais lindo desmoronou sobre nossas cabeças...

Então sigo sozinho na esperança de me perder na eternidade etéria. Do ser que me torno quando contigo estou..

Cleber Otavio.