quinta-feira, 28 de maio de 2020

A escuridão que em mim habita



Metade de mim são sombras, devassidão, a outra ternura e poesia...
A sombra deturpou o que um dia foi ternura,
a sombra evadiu toda fantasia e esperança que havia no brincar de minha criança interior...
A sombra...
fez as formas pensamentos virarem um pesadelo real,
o qual eu não podia acordar porque estava preso nas entranhas da compulsão e obsessão
de uma forma tão profunda que minha mente consciente não podia alcançar...
E assim a sombra tirou meu poder de escolhas por alguns instantes, instalou o medo e sugou minha força...
Por vezes traduzir a dor e a depressão de uma derrota de si mesmo é como ter um câncer só que na alma...
se trata constantemente mas não se pode curar totalmente e quando menos se espera ele volta,
transformando tudo que há em volta em dor e sofrimento...

Já a ternura e a poesia, são o que salva minha alma dos demônios internos que meu espírito acordou em vidas passadas...
A música me faz sentir, pensar, dançar, viver e reviver boas lembranças...
A poesia faz com que a algo maior extraia de minha alma o que sinto e transforme isso em texto, poesia ou mesmo música...
A dor que carrego por estar vivo é tão grande que eu poderia compor infinitamente até que o Sol perdesse sua luz e tudo que conhecemos deixasse de existir...
Quando a mãe Lua vai se deitar e leva consigo todas as matilhas de cães e Lobos que guia, então meu sono vem e me entrego a vigília neste mundo para acordar em outro, onde minha existência deve ser mais leve, pois não tenho o peso do corpo e toda sombra que isso traz...
os pássaros acordam cantando para lhe dar bom dia, os girassóis despertam e com eles os sonhos que minha mente capta se tornam bonitos...


Quando sol no horizonte o mar adentra, e as corujas do pai Hades começam a tomar o lugar dos sabiás e das gaivotas, é quando tudo que há em mim acorda para mais uma noite que começa...
Os arco íris já se desfizeram pois a noite chegou e com ela a escuridão...
que me abraça e faz com que eu me sinta protegido pelas avenidas de Porto Alegre, pelas avenidas escuras dentro de minha alma...
Os sonhos se desfizeram e a dor é apenas uma lembrança torpe, pois no embalo dos sons de carros e músicas minha alma se aquieta pois sou chamado para cumprir mais um dia de trabalho...

Cléber Otávio.

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