terça-feira, 6 de setembro de 2016

Inventários

Ouço tantas versões de mim mesmo pelos olhos de outras pessoas.
Geralmente pasmo com a estupidez de seus olhares...
Não tenho dinheiro, mas tenho dignidade,
Tenho duas faculdades, mas não tenho emprego
Não tenho posses, mas tenho ofício

Como disse Nina Simone
"...Não tenho casa
Não tenho emprego,
Não tenho Dinheiro
Não tenho nada

Mas eu tenho Minhas mãos
tenho minha mente
tenho meu sangue
tenho meus dedos
eu tenho Vida..."

e é porque tenho vida que penso,
é por pensar que sinto
é por sentir que intuo
é por intuir que consigo olhar pelos olhos Da Deusa, De Deus...
é por olhar pelos olhos dos Deuses que não Julgo
é por não julgar que me faço Humilde
é por me fazer humilde que não sou bitolado
é por não ser bitolado que minha consciência acordou
é por ter a consciência acordada que tenho responsabilidades sacerdotais
é por ter tais responsabilidades que minha vida tem sentido
é pela vida ter sentido que sou Feliz no dia de hoje
é por ser feliz que me distancio de pessoas que me inventariam de forma estúpida...

Cléber Otávio

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Deus pai

"...Naquele dia ao dar conta de mim eu estava envolvido pelo submundo...
às margens do mundo
às margens de mim

Caronte se afastava e vi que não estava as margens, mas na base do mundo...
Me deparei com meu pai...
Logo reconheci o obscuro e onipotente Monarca,
Senhor do Tártaro, Deus dos Mortos

Então Ajoelhei-me e rendi minha cabeça ao chão,
e então senti suas mãos a aparar minha cabeça e seus braços a envolver-me...
A energia era suave e bela como o perfume das flores ao campo no ápice da primavera

Minha energia e a sua fizeram-se apenas uma
e em seu colo supliquei...
Por mim,
Pelos meus...

Vi seu sorriso se distanciar
mas sua imensa benevolência e força Guerreira
Fizeram de mim seu habitat...

Por fim, minha alma se desfez daquele lugar
para refazer-se nos seios Da Mae Lua, A grande Mãe...
Após sua bênção
Emergi do âmago de sua irmã...
Gaia...
das entranhas da terra me libertei
e como um anjo vi minhas asas batendo
Meu corpo cortava os céus e os ventos acariciavam meu rosto negro...

Vi os meus medos e as mazelas empesteadas que enviaram meus inimigos se incendiarem perante os Deuses...

Por Marte Fui criado, o pulsar de sua força me guia e sua ira me veste
e é no fio de sua espada que as maldições de outrora hão de se perder...

Sigo então com a Força De Hades, vestido com as armas de Ares...
cavalgando pelos bosques da vida meus medos fogem da estrada
pois todo mal há de se desfazer no galope do cavalo que a mim carrega...

A armadura que visto não é minha, ou tão pouco o cavalo e as armas que carrego
Mas a fé, a coragem e a honra moram em mim neste ou em qualquer mundo!
Com os olhos dos Deuses eu vejo a estrada da vida, num horizonte que se perde dos meus olhos humanos...
Paz na terra..."

Cléber Otávio

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Romper da Aurora


Cavalgo com as Moiras ao meu encalço
Por entre as Brumas espessas...
O romper da aurora da a largada da carruagem de fogo...

Os indomáveis cavalos de
Apolo expulsam as estrelas...
A Mãe Lua olha a distância a Luz do Pai Sol tomar conta do Céu...

As Gaivotas fazem das ondas verdes do mar seu espelho, seu lamento ao me ver cavalgar pelas estradas de doce e funesta solidão da alma...

A magia expulsou as Moiras...
Sob a Luz da Deusa mãe os guardiões me carregaram...
A sombra do criador que um dia me assombrou, agora me fez vencedor de mim...

Cléber Otávio

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Cultivar - se

A destruição que se faz com a mediocridade humana que cada um carrega é fácil de se viver...
É fácil destruir as relações
É fácil destruir objetos
É fácil destruir a si e tudo que há em volta...

O que não é fácil é cultivar - se...
O que não é fácil é pensar no outro como extensão de si... como espelho de si...

O que não é fácil é viver e deixar
viver...
O julgamento dos homens não me preocupa...
Pois sei quem eu sou diante de Deus...
E bem sei que a espada e o punhal que levantam... que trazem vida...
São os mesmos que derrubam quando desonrados...

Cléber Otávio.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Desonra

A Deusa Mãe me mostrou sua Morte...
O Barco de Caronte navegava pelo rio Estige
e você burramente tinha a ilusão de controle...
Mas sua alma Expiava já há algum tempo sua carcaça a ser marionete de sua doença
e da dor do submundo da 2º dimensão...
Adeus! Que na próxima encarnação tenhas mais sorte...
Desonra é o seu nome diante dos Deuses...

Cléber Otávio.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Sonho Distante


" A vida é um sonho distante da alma...
temos apenas lampejos do mundo real quando adormecemos neste mundo, o dos homens...
O mais próximo da perfeição é quem comunga com a própria natureza e com sua origem espiritual, respeitando assim o ciclo natural dos rios da vida..."

Cléber Otávio

sábado, 16 de julho de 2016

Limbo


O branco dos meus cabelos se coloriu no arco iris... da aurora do teu sorriso... outrora...

Hoje meu esperma tem apenas os lençóis funestos que choram a falta do seu calor...

A saudade se tornou meu limbo...
Pela manhã tenho o travesseiro para abraçar...

Tenho teu cheiro ainda no colchão...
Tenho a lembrança de estarmos enroscados no calor tórrido de nossos desejos...
Paixão...
Por fim já é tarde... pra não lembrar de ti vou dormir
no chão...

Cléber Otávio

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Infinito nos teus olhos


Quando me componho em seus horizontes posso vislumbrar a eternidade da alma do mundo...

Liberto o animal que me guia e todas as estrelas do céu de minha boca se fazem incontáveis...
Se sei o seu nome completo? Não!!!
Mas meu amor já desbravou toda sua alma...

Pois ao plasmar ternura... nossos corpos se tocaram
Em algum lugar do tempo vejo nos teus olhos uma estranha intimidade
que me faz ter a certeza que mesmo longe, nunca tive tão perto de alguém...

O Reencontro de dois guerreiros...
É o que Deus quis que acontecece...
Um lobo solitário de coração duro e quase impenetrável e outro...
Um Ávido menino cheio de medo e de paixões no olhar...

Rogo ao céus que passe por aquela porta para que eu possa abraça -lo e dizer lhe que não estás mais só...

Que no fio da Espada do grande guerreiro e no punhal da senhora das sombras encontrarás o espelho das almas e lá serás tomado de imensa lucidez...

Adeus! Foice da morte...
Adeus... menino...
Adeus Caronte...
Voltaremos quando o grande espírito nos chamar...

Cléber Otávio

Amor em Urano


Meu céu e meu mar internos ficaram em chamas
quando o vulcão que em mim habita
transbordou de saudades suas

O infinito ficou finito
e minha alma passou a chamar-se desespero...

Os pássaros desaprenderam a voar...
No entanto os Lobos agora sobrevoam suas presas...
Os patos passaram a uivar e os tigres a relinchar suas dores...

A ordem se perdeu no caótico mundo de sonhos,
sombrio como os lugares que me condenas a ficar por sua falta...

Porque a saudades tuas vira o meu universo particular
e só consigo me encontrar comigo quando me ponho a vislumbrar a poesia nos teus olhos a refletir meu rosto negro...
Angustiado de imensa e funesta solidão...

Com a graça dos céus minha alma rogou amor para universo e esbarrou na tua...
e desde então a felicidade que em mim habita ficou mais colorida por juntar se a tua felicidade...
Em Lilith me inspiro e em tua presença me componho com a ternura bonita de sentir sua alma em mim...

Cléber Otávio

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Estações



Quero apenas cinco coisas...
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando.

Pablo Neruda

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Rodas


Rodas que levam a sonhos dantescos e intangíveis...
Rodas que traduzem sonhos
Rodas que viajam no tempo e desfazem as brumas da ignorância...
Rodas que simplesmente giram
Sempre em busca de felicidade...

Cléber Otávio.

sábado, 4 de junho de 2016

Sigur Rós


Adormeço entre o pranto triste de minha realidade e
o suave balançar sobre rodas que giram psicodélica e enlouquecidamente nas estradas da vida
Adormeço para a realidade para acordar no mundo dos sonhos...

Acordo cavalgando com meu pajem em um unicórnio alado...
Branco como as nuvens ele sobrevoa a terra do nunca...
Seus vales, riachos e casas élficas...
Lindas em árvores frondosas e onipotentes como a mãe Terra

Me olho no espelho das águas do Rio... e vejo que na terra do Peter pan,
sou como o pajem que me acompanha...
Um menino doce e inocente...

Então corremos nus pelo vale encantado e nos transformamos em pássaros...
Gong e Milano...
Em instantes percorremos a eternidade dos sonhos e
em êxtaxe gozamos ser parte da inspiradora paisagem pintada pelas mãos de Deus...

Pousamos em Sigur Rós...
Nossa casa, Já meninos novamente...
brincamos, subimos no topo da árvore mais alta ver no cais do Porto Solimões
O Pai Sol deitar-se sobre o mar...

A aurora plena misturava cores infindáveis entre o céu e o mar...
O vermelho, o laranja
o azul, amarelo, rosa e também o roxo
se misturavam no céu e refletiam sua beleza na imensidão do mar verde da grande senhora...

Lá no alto, do outro lado, Lua, a Grande mãe, despontava linda e crescente
como era nossa felicidade por simplesmente existir...

Ao pé de um abacateiro o Velho Bará contava histórias e
em sua narrativa desvendava os segredos das Brumas de Avalon...

A noite caiu e no caminho para nossa refeição noturna Fausto anuncia a abertura dos portais...
Entre o Lixo e o fim das matas da floresta levanta-se uma mendinga esfarrapada...
Nos assustamos de imediato, mas ao fixar o olhar vemos as flores que ela traz
Um grande buquê...

Logo ela se transforma em uma linda princesa e todo lixo...
aquela imensa montanha transforma-se num pequeno castelo.
E a princesa negra sauda-nos.
Apenas por nossa inocência, pois para quem carrega maldade... ela é apenas uma mendinga...
Mulambo pegou cada um de nós pela mão e nos guiou até o banquete...
Após banquetearmos junto de nossos irmãos, ela nos colocou de volta na garupa de Pégasus novamente...

Choramos como se a saudade já estivesse velha em nosso peito...
Mas ainda assim cavalgamos no céu estrelado
para ser o despontar de nossos sonhos em nova áurea aurora...
Cujo a névoa espessa parecia aprisionar o horizonte...

Já as portas do Submundo... Plutão , o Grande pai nos recebe...
Já não somos mais meninos ou tão pouco inocentes...
Envelhecemos, mas meus cabelos brancos ainda carregam a ternura colorida deste poema...

Adormeço nos sonhos com meu pajem para acordar neste mundo mais uma vez...
Mais uma vez...
Em terna gratidão ao senhor da guerra por manter a chama da juventude acesa em mim...
A senhora dos ventos, pelos dantescos sonhos que me fazem encontrar comigo como gosto de ser...
Por não deixar a saudade de mim envelhecer em meu peito ou em minha alma...
Gratidão Grande espírito...

Cléber Otávio

Sina de Prometeu


Acordo mais um dia e meus lençóis são de solidão,
mas não há pesar em meu leito
tão pouco em meu peito...
Mas sim, as lembranças do teu cheiro...
do teu gosto
e da alegria que outrora me trouxeste...

Acordo mais um dia e toco o infinito na eternidade do meu sentir...
Em horizontes internos vejo pares de olhos desejantes de mim
e lá me encontro...
Lá me perco...

Me encontro com meu Deus, com minha Deusa...
Me perco dos meus demônios internos...

Ora me encontro para me perder
ora me perco para me encontrar...
em lençóis que muitos vezes são cheios apenas de mim...
Ora sentem falta de tuas carícias, enfim...
do toque...
do cheiro da malícia...
Que exala pelo quarto ao amanhecer em meus braços...
e da felicidade que vejo por trás dos olhos teus...

Caminhar pelas brumas dos sentimentos em imenso Apogeu...
de vivências e ilusões...
Beijos quentes na eterna sina de Prometeu...
Um poema Licérgico que em sua simplicidade retrata simplesmente...
Tu e eu...

Cléber Otávio