segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Outros Olhos


... Lágrimas vertem da alma e da poesia dos tórridos encontros que um dia tentaram tocar o infinito,
Dias estes que ficam aos poucos para trás...
Seguirei em luto pela tua morte no mundo que criamos
e abandonarei tal mundo pois não há sentido viver nele sozinho...
Seguirei lindo buscando novos horizontes,
clamando o amor em minha alma afim de encontrar poesia em outros olhos
Em outro espírito livre como eu...

Cléber Otávio.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Afagos

Quando ouve sua rouca voz, ele fica imaginando-o a sua frente,
fica triste de não poder conforta-lo ou voar amanhã para lhe ver...
Ao encontra-lo, ele se perderá nos seus braços, num abraço tão longo que terminaria apenas no despontar de um lindo arco íris,
lá no fim do mundo que criamos para sonhada felicidade que cavalga nobremente entre as montanhas ternas da terra do nunca...

Ele sabe que seu amado chora em silêncio, pois seu coração se aperta e suas lágrimas teimam em cair quando pensa nele...
Seu amado amante...
Todos os seus sentidos se alertam quando vai dormir, pois sonha em acordar ao seu lado novamente, com seu cheiro,
com suas carícias e afagos de que tanto precisa...

Que o arquiteto do universo tenha compaixão das vossas almas e que os conceda mais uma chance...
Que assim seja, que assim seja , que assim seja e assim será!!!

Cléber Otávio

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Pangéia Psicodélica

Por todos os lados que lanço o meu olhar só posso vislumbrar horizontes...
Distante versa uma voz doce, que agora é apenas parte de uma lembrança torpe...
Deu lugar a uma voz rouca que versa o amor e a solidão sentida de uma alma velha...
Essa é sua voz hoje
Seu velho eu teve que fazer as malas e se despedir do seu novo eu...
e a estrela do amanhecer ficou lá mesmo quando todas as outras já tinham ido embora...

Ela esperou o Sol para espiar sua beleza e sua luz,
com a falsa esperança de poder levar seu brilho consigo no breu da noite escura...
Dores que não parecem levar a lugar algum...
Dores que não pode evitar sentir...
Dores...

A luz solar dissipou seu lamento, pelos olhos do seu amado que só pode brilhar o amor através das estrelas...

Mas ele rasgará o céu em sua cavalgada a procura do infinito mais uma vez...
E lá aonde o sol toca a terra ele se perderá de si mesmo
para por fim se encontrar e acordar do pesar que há neste pesadelo de horizontes sombrios...

Enxergando já com os olhos do grande espírito, as sombras e os medos ficam para trás, junto com o mundo que um dia caminhou...
Agora a rouquidão de sua voz canta um futuro ainda não desenhado,
vislumbrado apenas pelo sentir do seu amado que
tem agora como morada a Pangéia psicodélica...
o Absoluto, de onde veio...
Para onde voltará Quando sua jornada terminar...

Cléber Otávio.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Lágrimas Fálicas

O céu ficou distante mais uma vez...
Deitados sobre a areia da praia, a lembrança dos anos passados lhe convida a passear pelo infinito...
Pactos, amores e desamores que lhes trazem um cheiro de juventude que lhes enche a alma de ternura...

Os olhos negros do seu menino...
Negros como a noite sem luar
profundos e vastos como o mar...
Vento...

As mãos correm pelas curvas do seu corpo como a brisa leve que acaricia as Dunas pela manhã...
Entrega...

Agora apenas seu animal interior o conduz...
Entregam-se ao instinto e ao sentir que pulsa no ventre e no coração deles..

Sua alma parece explodir em êxtase e nada mais parece existir...
Parece -lhe não haver outra verdade se não aquela que vertia em lágrimas dos seus olhos físicos...

Lágrimas... Lágrimas

Lágrimas Cálidas
Lágrimas Fálicas, brancas como a neve...

Lágrimas que a areia da praia absorveu e guardou...
e o tempo passou...
Entre peixes e caranguejos suas lágrimas viajaram...
Foram tão fundo na areia que ao chegar ao centro da terra foram novamente aquecidas por um poder maior que elas...
Até que um dia...

O Fogo expulsou-as do alto de um longínquo vulcão...
Distante...
nos Braços da mãe Terra tais lágrimas transforma-se em dois lindos pássaros...
Pássaros que voaram até os seus antigos pupilos... Ligaram as almas dos guerreiros novamente...

Águias que agora lutavam para se encontrar de novo!

Vencer o Oceano de novo...
É um desafio pequeno, perto do monstro que neles habita e da maldição que um dia os separou..

Mas a Roda da vida anda sempre para frente...
Suas navalhas pontiagudas cortam o que já não é mais necessário!

Sobre a Mãe Terra
Um curandeiro distante varre suas almas
e a Balança dos senhor das montanhas e do fogo que um dia fez das lágrimas dos olhos de meninos verter pelos pólos da Mãe terra,
ajusta os carmas e as maldições...

Um dia o espelho das almas vai terminar sua sina e estilhaçar os encantamentos como cristais finos que batem contra montanha rochosa...

um dia... ah...
Um dia eles se encontrarão de novo na dimensão física também...
Mas agora há apenas um rezo firme e esperançoso aos antepassados e um singelo Amém!

Cléber Otávio

sábado, 13 de setembro de 2014

A Vida na Horizontal

O horizonte é melhor contemplado quando se está na vertical...
Mas...
Quando a vida te coloca na horizontal, que horizontes pode se ter?

Os dias vão e vem como as ondas do mar maior...
Já pintei o céu de amarelo e o Sol de azul dentro de mim,
Já viajei pelos quatro cantos do vasto mundo interior que em mim habita
já desbravei campos e montanhas e agora como um pássaro livre sigo construindo um novo mundo para meu novo eu habitar...
Tudo que vivi até então foi jogado em uma grande rede e tudo que não é sólido, evaporou ou seguiu com a água corrente,
O que sobrou do céu , da rede, irá dentro de minha nova trouxa de retalhos que me acompanhará nas próximas viajes.

Posso ter morrido para alguns, e muitos morreram para mim, outros apenas mudaram suas vestes,
Posso ter morrido para mim mesmo e já não me pergunto mais se isso é bom ou ruim,
pois tem coisas que só são vencidas com a morte...
Para um mago a morte pode cair bem, mas com certeza não é igual para quem lhe causou tal evento...

Carneiros grandes de guampas reviradas correm pelas montanhas e lá do alto o carneiro mestre contempla seus filhos,
conduz-lhe por caminhos que por vezes parecem tortuosos, mas sempre necessários para alcançar a grandeza de espírito...
Por fim...
Nascer de novo pode fazer com que eu tenha que aprender a caminhar de novo e coisas assim...
Mas com certeza meus novos olhos podem vislumbrar novas cores, meus lábios novos sabores
E minha alma novos amores...

Cléber Otávio.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Até o Infinito!

Algo atravessa as paredes, um sentir frio e absoluto caminha até mesmo pelo fogo
e assim os polos se ajustam como por encanto...
As visões de futuro se misturam com as lembranças, coisas amargas, coisas doces...
sensações belas e intermináveis como o mar elevam suas almas...

A sombra da morte se faz presente mesmo nos pensamentos mais ternos...
A Prisão sem muros se desfaz quando o desapego por si mesmo acontece...
E os ventos atravessam os águas do oceano trazendo alento em momentos de dores profundas...
Voz grave que abraça sua alma ao falar, ao versar saudades...

O ponto de encontro de tais almas ainda são os intangíveis sonhos noturnos...
Por pouco tempo,afinal diante da eternidade qualquer tempo é pouco nessa terra...

Alguém roga que a luz da mãe Lua brilhe seu sentir em sua alma
e que se dissipem as sombras e prisões invisíveis que os distanciam de uma vez por todas...

Mais do que sonhos... um dia eles acordarão com o calor não apenas da alma,
mas do corpo um do outro...
Mas até lá... o mesmo dizer os sustenta:
Até o infinito!!!

Cléber Otávio

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Música Negra que Transcende os Tempos

A Música culturalmente sempre esteve ligada a diversas manifestações culturais e em relação à arte como um todo.
Sabemos que a música assim como outras formas de linguagem contidas arte tem sua origem na África.
Na África antiga, e ainda hoje a música é usada em rituais religiosos que eram essencialmente femininos para invocar os orixás ou espíritos ancestrais.Temos também os jogos e lutas guerra como a Capoeira que eram essencialmente masculinas. Hoje alguns historiadores afirmam que a capoeira como ela é conhecida hoje foi desenvolvida aqui no Brasil, como estratégia de resistência a escravidão. Tanto os rituais como as lutas quase sempre em roda com instrumentos de percussão.
A música não só para os negros mas também para outras etnias sempre foi um meio não só de manifestação e expressão de sentimentos, mas também de preservação cultural.
Com exceção do Egito , não há muitos registros da cultura Africana, pois muitas coisas são passadas oralmente, o que por vezes dificulta o estudo da história africana antiga. Mas neste percurso acontecem fatos e fenômenos que provam que a cultura humana está sempre em movimento e sua essência não se perde em função dos costumes arraigados que criam uma força que faz com que as coisas se repitam de maneira diferente.
Mas afinal do que estou falando? Até o final do século XIX nossa sociedade brasileira e africana sofriam com a absurda estupidez que era a escravidão de negros e índios. Nesta perspectiva, os negros do Brasil buscavam sua liberdade através dos batuques através de reuninões secretas, no qual discutiam, faziam batuques/candomblés e através da capoeira desenvolviam estratégias de luta e libertação. Existe até uma lenda urbana que neste período os negros de diversas fazendas fugiam dos seus "senhores" na calada da noite para o Parque "Farroupilha" que se situa na capital do Rio Grande do Sul (Porto Alegre) e lá se reuniam secretamente formando assim uma espécie de Quilombo. Os ritos religiosos a busca de liberdade e redenção originaram o nome que é mais usado para o parque até hoje. Parque da Redenção.

No início do século XX o que antes eram cânticos tristes da senzala, aos poucos foi ganhando a poesia de uma liberdade sofrida. Pois muitas famílias já antes separadas ao chegar no Brasil agora estavam "livres" mas sem terras e sem nenhuma estrutura digna de se viver. O que se reflete negativamente até hoje. Neste meio nasceu o Samba que por sua vez sempre teve o papel de falar das alegrias de viver, do amor e principalmente das adversidades da vida. O samba sempre foi e ainda é a voz do povo.
Depois no final da década de 50 início da década de 60 surgia a bossa nova que traz um pouco da ginga e sonoridade do samba e o refinamento do Jazz. A bossa nova seguiu o mesmo caminho do samba, mas de uma forma mais requintada e elaborada. Muitos bossanovistas foram exilados do Brasil nessa época por falarem nas suas músicas o que o opressor governo militar não permitia que se falasse.
Bem distante do Brasil também no final da década de 60 surgia o Hip-Hop, nos subúrbios negros e latinos de New York. O hip-hop começou na Jamaica em festas que eram conhecidas como "Sound System", eram festas que aconteciam nas ruas , com caminhões de som, algo parecido com os trios elétricos que se fazem hoje em dia na Bahia. Mas na Jamaica nos intervalos da apresentações de Reggae O Mc(mestre de Cerimônia) dava os recados relacionados as comunidades locais e também os recados amorosos. Faziam isso Rimando ao som do Reggae que no início ficava mais de fundo, depois alguns Mcs faziam isso rimando algumas frases, brincando com as palavras na batida da música. Desta "brincadeira" Surgia o "toast", que em suma eram essas rimas improvisadas tendo o reggae como base. Nesta altura já andava pelo mundo um menino chamado kool Herc, que com 12 anos apenas já era envolvido com djs. Ele imigrou com sua família da Jamaica para os Estados Unidos da América. Nesta época o que estava em alta nos EUA era o que muitos chamam ainda de soul de pista como era denominado pelos djs da época aqui no Brasil ou funk-soul no qual muitos artistas se consagraram, James Brow, Aretha Franklin, Etta James etc. Este som tem muito ritmo e James Brow com sua forma de dançar e cantar contagiava a todos. Foi um dos artistas que muito influenciou para o que hoje conhecemos como Breackdance elemento fundamental do Hip-hop.
Foi com esse contexto que Kool Herc se deparou nos subúrbios negros e latinos de New York. Levando esse estilo da Jamaica o que antes era conhecido como Toast que era improvisado a partir de batidas de reggae passaram a compor o que hoje conhecemos como RAP (Rhythm and Poetry)/ritmo e poesia. Enfim não vou me estender aqui sobre a história do hip-hop, mas a sua história tem importância pontual não apenas para etnia negra mas a contribuição histórica á musica e a arte como um todo. Sua formação veio da rua mesmo das festas, bem parecido com os ritos tribais de antigamente.
Em 1984 Afrika Bambbatta criou uma batida que é muito conhecida como Miami Bass, algo que o fez percussor do movimento hip -hop, essa batida foi base de muitos raps, bem como base de um estilo o Funk Melody ou Freestyle que muitos artistas se consagraram nos Estados unidos da América e no Brasil, artistas como: Stevie B. Noel, Trinere, Latino, MC Marcinho, etc. As letras falavam de amor e das adversidades da vida, suavizando a violência contundente que geralmente tinha o rap na época.
É claro que quando se tem uma ideia, ela vai em termos de música e arte em geral, ela pode crescer e se disseminar, não tem como ter controle sobre algo já criado, mas sinceramente, depois de tantas lutas e tanto sofrimento que tiveram os negros bem comas mulheres e outros grupos de diferentes recortes sociais, vemos um estilo que se alastra como uma infecção sanguínea, que é o Funk carioca, ou funk popozão que tem como base a mesma batida criada em 1984, agora o questionamento que aqui fica é: Há muito tempo atrás as tribos na África se desuniram, as maiores dominaram as menores e venderam seus irmãos de terra, algo que deu origem a uma era muito triste da humanidade... Agora depois de todos estes anos de luta feminista e de movimento negro, bem como de movimentos gays e tantos outros movimentos que procuram melhorar a consciência humana, dançar algo tão sexista, e que faz retroceder anos e mais anos de luta tem sentido????
Acordemos! Não é ser contra a nada que traga diversão, mas acho que é repetir o mesmo erro do passado, ignorar o passado, reafirmando o homem sobre a mulher ou vice-versa, Reafirmando dominantes sobre dominados, reafirmando um monte de coisas que praticamente desmontam a história da música e da humanidade em si...
O que vem salvando esse momento são alguns artistas que usam o Funk como meio de comunicação com o povo, com a mídia ou mesmo para se fazerem conhecidos, mas gravam coisas maiis coerentes com os dias de hoje, o Mc Marcinho, Mc Garden, Mc Gui e Mc Guimé São bons exemplos.

Enfim, no fundo penso que o que escreveu Bob Marley nos anos 60 ainda está bem certo na música War(Guerra)

"...Até que a filosofia que sustenta uma raça
Superior e outra inferior,
Seja finalmente e permanentemente desacreditada e abandonada
Haverá guerra!
Até esse dia

O sonho de paz duradoura, da cidadania mundial e
As regras da moralidade internacional,
Permanecerão como ilusões fugares
Para serem perseguidas, mas nunca alcançadas
Agora haverá guerra, guerra..."
Bob Marley

Século 21? Desta forma vamos é acabar voltando ao Feudalismo!!!

Cléber Otávio