sábado, 31 de maio de 2014

Névoa

Adormecida dentro dele, ela foi acordada com beijos e carícias
Despertou!
Estilhaçou seus sentidos, Consumiu seu corpo e sua alma até o limiar da loucura...
Mas... Suas amarras foram rompidas pelo roer dos Cães do Submundo.

Cavalos que insistem em derrubar sua carruagem e
Uma névoa que não se dissipa facilmente.
Será castigo dos Deuses se questiona?
Suas lágrimas regam os jardins que outrora foram sua tormenta...

Agora uma fera caminhava distante e inalcançável pelos vales da solidão
Se diverte a brincar no verde gramado
Mas um fio de esperança despontou no céu...
Uma voz suave versou encanto e
um lindo par de olhos negros tocou sua alma profundamente...
Talvez...
Talvez, aquele longo abraço tenha provocado não apenas o forte pulsar de dois jovens corações,
Mas a essência de amantes vorazes...
Talvez...

Talvez os olhos negros que viu sejam apenas o espelho de parte de sua própria alma
e ele siga seu caminho de expiação solitário...
mas contente por sentir a vida ainda pulsando dentro de si...

Cléber Otávio.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Goreki

Verde mar, céu anil,
nuvens de baunilha passeavam no infinito naquele dia...
Estradas do seu caminho interior invocadas em um canto de andar.
O pastor conduzia seu rebanho pelas montanhas e lá do alto Passeava a Maria fumaça,
Majestosa senhora dos trilhos da solidão...
Caminhos de ferro que dissipam dores,
que trazem esperança de novos amores...
caminhos que desfazem os horrores
Malditos dos traidores...
Pelos ares do Olimpo Voou a águia de Zeus
Com Poesias pagãs em estado de emergência,
A luz novamente emana do Submundo,
do paralelo indígeno-africano e surreal...
Sim!
Será meu o gozo final...

Cléber Otavio

sábado, 29 de março de 2014

Intocável como o Horizonte

O Amor não Veste
É nu e cru como a vida e a grande arte
O amor não se investe
Mas se doa insanamente como se não houvesse amanhã
O amor é um afago na alma
É um sentir indescritível e intocável como o Horizonte.

Cléber Otávio

sábado, 1 de março de 2014

Essência Humana

A essência humana é mesmo surpreendente...
Mesmo depois de viver tantos anos sobre a terra,
Aquele que mais se conhece é o que menos compreende tudo que mais amou e cultivou...
O mais amado é o mais solitário...
e aquele que aceita o fardo da solidão humana é o mais feliz...

Zelo...

Andar de mãos dadas sobre o arco íris desbravando os céus e as montanhas.
Os cães alados foram soltos e vieram buscar sua presa...
Perseguem os Zeladores na floresta de medo e dor.
Segredos que se revelam sob a Lua cheia...
A entrega...

o que os torna invisíveis e imune dos olhos maldosos dos Lobos...
Corujas e Oráculos que vão guiando os caminhos de cada zelador.Indicam novas estradas, aquelas que mal dizem os traidores, que criticam os que vivem apenas de aparência e conveniências...
Estradas que trazem o imaginário para o mundo real...
Vivência...

A deparar- se com o Mar, o inconsciente coletivo é sua realidade e sua verdade.
E suas verdades se dissipam no breu escuro da Lua Nova...
Início...

abrir mão do que um dia foi para ser o que nunca foi, para tornar-se o que nasceu para ser, para enfim ser maior do que seus medos ou dos monstros que habitam seu interior...
Suas dores se desfazem ao nascer do Sol e a luz que emana do seu peito lhe empurra para o cume da montanha...
Desafio...

desbravar o desconhecido, confiar no que lhe toca, mas não pode ser tocado por ninguém...
O Vento...

os raios e as tempestades que vêm do infinito azul...
A pangéia Psicodélica que um dia terá sua alma de volta...

Cléber Otávio.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Tudo em Mim

Tudo em mim é revolta quando a aceitação me desafia...
Tudo em mim é começo quando me deparo com um grande desafio...
Tudo em mim é desafio quando me deparo com um começo...
Tudo em mim é ternura quando me componho em tua presença...
Tudo em mim é poesia quando a inspiração me invade os sentidos...
Tudo que há em mim são horizontes quando estou apaixonado...
Tudo que há em mim é desapego quando a rejeição me assola...
E por fim tudo que há em mim é vitória quando lembro que só enxergo as coisas lindas do mundo como o amor e a temperança...
É porque já despertei tais sentimentos em mim...

Cléber Otávio.

Solidão das Montanhas

Caminhos que vão
Caminhos que vem
Caminhos fúnebres que exalam dor
Lágrimas...

Mas os ventos aos poucos afastaram as nuvens escuras...
e a poesia apareceu novamente em cada caminho observado.
A cada passo as flores dançavam
A cada passo as árvores vibravam como amantes que se tocam pela primeira vez...
Cada passo fazia aproximar as cores que outrora foram distantes.
Correntes que o levaram longe...
a lugares ora lindos, ora sombrios...
As lembranças vão ficando para trás junto com o mar...
Lágrimas...

Uma voz ecoava suave, um chamamento equidistante...
Lábios rosados, lábios que deram corpo a tal voz...
Um cantar sentido
um viver sentido
lágrimas sentidas...

"Um anjo sonâmbulo a alimentar seu pupilo..."
Que ao crescer o devora.
Sai voando par o além mar, para além das montanhas...
E ainda assim uma canção torpe ecoava nas brumas espessas que abraçavam o jovem pássaro...
O ninho vazio lhe chama, mas as brumas o desafia a voar cada vez mais alto...
Mas uma estiagem... uma brecha na paisagem velada pelas brumas mostrou lá embaixo, uma pequena sombra...
Um pássaro morimbundo... em meio as pedras que ao refletir em suas penas os raios do Sol que aos poucos surge dos vales distantes...
- Sim você pode voar ainda...
Goreki ... meu amigo, venha a montanha solitária nos espera... força...
Então os horizontes antes perdidos em sonhos, já esquecidos tomam forma sob a prateada luz da Lua que alivia a escuridão dos seus tortuosos caminhos.
Mais uma vez voaram juntos...
Pela última vez voaram para o exílio...
Vidas inteiras a voar
para um dia refazer-se na solidão da montanha...
Despedaçar-se, definhar num sacrifício que por momentos parece eterno...
Tempos depois... renovam-se as penas, os desejos, a força e a altitude de seus novos vôos...
Renova-se o tempo...
Ninhos itinerantes apontam novos caminhos...
lindos e intermináveis como o infinito azul...
Lá vão eles rumo ao desconhecido caminho...
Tendo agora o maior desafio que antes nunca tiveram...
Mergulhar no nevoeiro espesso do inconsciente sem se perder de si mesmo...
Enfrentar os seus maiores monstros e medos sem deixar esvair as chamas da paixão em seu olhar...
Perdoar-se das coisas mais inescrupulosas, reconhecer seus maiores pânicos nos olhos alheios e ainda assim se perdoar... ainda assim vivenciar a entrega quase insana de sempre se permitir amar e ainda assim do penhasco se jogar como se fosse a primeira vez...
e Então ao ultrapassar a névoa espessa, os rochedos pontiagudos da montanha ,
a refletir o azul do céu, o azul do mar o recebe... um grande espelho, um grande portal... o início de tudo...

Caminhos que vão, caminhos que vem...
Caminhos que superaram as dores...
Lágrimas...

Lágrimas que agora são de uma saudade bonita pela inocência que fora perdida...
Lágrimas de felicidade que estilhaçam os maus pressádios...
Lágrimas pelo que não pode ser tocado ou direcionado, mas apenas sentido...
Viver e sentir é o que lhes restou é o que preenche suas almas de alegria todos os dias...

Cléber Otávio.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Noite Longa

Seus olhos verdes tem a profundidade do mar...
Mãos pequenas e macias que acariciam não apenas um mero corpo carente de amor,
mas a alma de um guerreiro cansado da dor...
A dor do exílio, das traições,
a dor de ter de sentir as próprias dores...
Mas por alguns instantes tudo parece ter sumido,
as dores do coração, as chagas da alma e as lágrimas de sangue que hoje regam seu jardim...
Tudo e todos desapareceram por instantes e ficaram apenas os dois...
As mãos percorrendo cada curva de seus corpos e um cantar sentido de uma alegria sincera em cada coração...
Paz...
E então sobre as vestes da Lua
a canção entra - lhe mente á dentro
e uma doce lembrança tomou conta dele...
Percorrendo novamente estradas funestas de uma solidão Nefasta,
sua alma passeia solitária nos campos verdes e floridos do amor...
Dor...
A noite longa aprisionou sua alma em exílio...

Mas um dia, sim um dia...
o dia há de raiar em seu Coração...

Cléber Otávio.

Existir

Há uma força que tudo cuida, que tudo rege
Há uma mística no ar que não se explica, apenas se sente.
Há um grande espírito que tudo ama, que tudo compreende
Que tudo geri e gesta
Que controla o tempo e jamais se cansa de existir...

Cléber Otávio.

Dezessete

17 são os anos que se foram
17 era a idade que ele tinha quando decidiu fugir de tudo que mais amava e desejava
Há 17 anos ele tinha 17 anos
Há 17 anos quem ele um dia chamou de filho nasceu,
17 arcanos que ao décimo sétimo passo prometiam a liberdade de sua alma que até então tem sido exilada dos campos verdejantes do amor...
17 amantes, 17 anos, 17 tentativas de esquecer o inesquecível...
Partiu...
Partiram sempre como se uma maldição assolasse seus caminhos.
Mas os amores se transformam e se há 17 anos ele fugiu de tudo que mais amava, hoje 17 é a idade de tudo que mais ama e 17 vezes pensará quando o medo vier lhe assaltar com devaneios de fuga...
17 vezes, 17 anos clamou por misericórdia à grande mãe...
17 lágrimas de sangue sentidas que ao cair no chão fizeram brotar 17 Lírios...
Bendito seja! Roga seu Eu interior!
Bendito seja o manto da grande senhora do fundo do mar...
Bendito sejam os Lírios do grande Pai.
Bendito seja a hora de terminar este 17° ciclo...
Bendita seja a hora, sim bendita seja a hora de acabar este exílio...
Bendito sejam os Guardiões do Submundo que lhe abriram os olhos
Bendita seja Nanã Burukê que não lhe deixou esquecer como se ama...

Cléber Otávio.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Te vejo



Seus olhos são como estrelas
brilhantes e profundos
desvendo-os e entro noutro mundo
viajo e imagino que estamos sós,
nós...
céu.
Tocar-te, não posso
olhar-te, sim
desejo,
misto de sentimentos
meus olhos nos teus...
A viagem é curta,
tenho que voltar
mas como é bom sonhar e nos teus olhos
navegar.

Evelize Cristina

domingo, 27 de outubro de 2013

Última manhã...


É, parece que me esqueci
Me esqueci como é que se ama
Me esqueci de como é estar em êxtase, impulsionado por uma paixão...
Me esqueci das cores do amor e do cortejo singelo de um anoitecer.
Me esqueci do teu rosto, da cor dos teus olhos e do calor de tua pele
que acendia uma chama que por instantes queimava todas as mazelas que outrora me acompanhavam...

Apenas a guerra está presente, a luta; e tais armas são inúteis nos campos floridos do coração.
As curvas da estrada ainda são as mesmas, mas as do teu corpo não,
Os pássaros continuam voando rumo ao horizonte e o Pai Sol continua a brilhar tua doce lembrança...

Acordo mais um dia sozinho e as flores de nosso jardim reclamam tua falta,
Enfim me esvaí em lágrimas por dentro...
A noite veio e a escuridão tomou conta dos céus...

Á beira do mar da grande senhora me libertei dos grilhões que não me deixavam andar...
O medo se transformou em certeza e renasceu a esperança...
Ainda acordo sozinho, mas hoje sou eu que vôo em busca de um novo horizonte,

Os ventos que tocam minha face levam minhas dores e a distância da terra me fez tocar o céu...
Os portais do infinito se abriram e em doces sonhos te invado como se a terra chorasse sua última manhã...

Cléber Otávio

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Versos

Na ânsia de fazer um verso
e na falta de inspiração
Fechei os olhos, larguei o lápis
e dei asas à imaginação.
Ela voou tão alto, foi tão longe
que na semana seguinte recebi um postal:
- Passarei as férias no Caribe só volto para o Carnaval.

Elisa H. G. Bernardon

domingo, 1 de setembro de 2013

Ilusões

Ilusões de encanto,
Ilusões de paixão,
Ilusões amorosas,
ilusões sentidas que o levam a passear num imenso bosque encantado
Repleto de fantasias, desejos e saberes da terra...
Um lugar para todos, onde pulsa um pedaço do infinito e todos os sonhos acontecem naturalmente...
Lá as ilusões são a verdade...
Lá ele pode passar por corpos ou almas, sem tocar ou ser tocado...
Pode aquecer, ou esquecer de tudo e entregar-se a poesia mundana que os corpos quentes o convidam a sentir...
Sentir o amor que pulsa em sua alma e que só nela pode ser sentida...
O amor que vê-se no castanho dos olhos do seu amado, que não pode ser tocado ou alcançado...
O amor que aquele sentir não realiza, que sua mente insana não larga...
Que as declarações mais tórridas e todas as poesias versadas ou cantadas não conquista, mas afasta...
Para não perder a poesia, o pajem que nele habita o leva em seu unicórnio azul para este mundo de sonhos e ilusões...

O que era fraterno, um dia ganhou pulso, desejo e um amor profundo que fora resgatado na alma deles...
Mas como outros amores que outrora se foram... funebremente perderam a poesia do seu ser.
Funebremente se esvaíram como uma maldição que ânsia pelo seu fim...
Uma folha que não tem espaço para escrever novas histórias, textos ou poesias, pois está toda amassada, furada, rasgada e riscada...
Então o caminhar em direção ao horizonte verdejante devolve o calor ao seu espírito e alivia suas dores...
o deserto, o vale das sombras e o bosque encantado ficaram pra trás, pois não se pode viver lá pra sempre...

Agora leve, livre de tais ilusões...

Restou apenas ele, seus escudos, espadas e armas de um guerreiro iniciado...
Uma nova estrada pronta para ser desbravada pelo sonhador que nele vai sempre morar...
Ou um caçador de ilusões que nunca há de chorar...

Cléber Otávio.