terça-feira, 10 de outubro de 2017

Marcas

Carrego marcas pelo corpo, pela alma...
E elas não me dizem quem eu sou...
As adversidades que mudam de forma dentro ou fora de mim estão sempre presentes e muitas vezes tentaram sabotar o que vivo ou me dizer o que fazer ou sentir...

As marcas, pelo corpo, pela alma, pelo rosto, os meus cabelos brancos são claros sinais das muitas batalhas que passei...
Como guerreiro iniciado...

Sou senhor de mim, pois minha lucidez acontece sempre que o guardião dos meus caminhos me faz olhar a mim e tudo que há em volta pelos seus olhos...

Cleber Otavio.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

O ensurdecer das Moiras


Arrastei correntes pela escuridão,
Beijei demônios embevecidos em breu
Nas psicodélicas noites eletrônicas de Talamasca...

Mas quando o penhasco se abriu em minha frente...
Me joguei sem exitar...
Me banhei no esperma de deuses Sonâmbulos
Corri de mim para me abraçar no fim da estrada...
Sangrei, cantei, gritei até ensurdecer as moiras...
Para terminar na montanha solitária mais uma vez..
E lá ouvi os pássaros cantarem o futuro...
Vi os demônios se fazerem anjos...
Vi a moral perder a razão...
Vi as crianças crescerem...
Algumas virarem monstros e outras...

Vi o céu ficar rubro ao entardecer...
E quando o Pai Sol se deita sobre o grande rio...
O grande espelho das almas...
e ao desvelar os segredos das montanhas,
das águas furiosas e dos furacões da terra acordo de um sonho chamado vida...

É quando a velhice já ardeu todas as dores de um corpo que já não existe, então...

Pisco com os olhos de Deus na eternidade e então tudo faz sentido...

Cavalgarei para mais uma vida,com apenas uma mochila que só olharei quando for preciso...
O louco?
Não! O iniciado...

Cleber Otavio

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Espelhos Tortos


Não gosto de espelhos
Não porque não gosto de minha imagem
Mas porque o que espelho quase ninguém vê...

Não gosto de espelhos
Não porque não gosto de sua imagem
Mas porque ainda não inventaram
Algo que espelhe as almas...

Gosto de espelhos vivos...
Como os lagos, as lagoas e os mares
Que espelham o céu
Que espelham o rosto dos Deuses
E a face do infinito...

Cleber Otavio.

Da Fuga


Perdi-me muitas vezes pelo mar,
o ouvido cheio de flores recém-cortadas,
a língua cheia de amor e de agonia.
Muitas vezes perdi-me pelo mar,
como me perco no coração de alguns meninos.
Não há noite em que, ao dar um beijo,
não sinta o sorriso das pessoas sem rosto,
nem há ninguém que, ao tocar um recém-nascido,
se esqueça das imóveis caveiras de cavalo.
Porque as rosas buscam na frente
uma dura paisagem de osso
e as mãos do homem não têm mais sentido
senão imitar as raízes sob a terra.
Como me perco no coração de alguns meninos,
perdi-me muitas vezes pelo mar.
Ignorante da água vou buscando uma morte de luz que me consuma.

Frederico Garcia Lorca

sábado, 2 de setembro de 2017

Armadura


A montanha solitária é aonde descansam as almas dos grandes guerreiros...
Para chegar lá...
Terás que ser honesto
Terás que dizer a verdade
Terás que fazer o teu melhor
E ainda assim sempre haverá aqueles que dirão Que suas palavras são falsas...
Que suas atitudes são levianas
Que o seu melhor não é suficiente...

Serás testado até o limiar da loucura
E quando sentires que não precisas mais do aval do outro para ser você mesmo...
Quando as atitudes insanas na sua volta deixarem de te afetar...

Então é sinal que a armadura que foi dada a ti pelos grandes guerreiros está sendo usada.
Por fim acordas um dia abraçado na doce solidão das montanhas com a inigualável sensação de ter vencido a si mesmo...

Cleber Otavio.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Canção

Beijar te? É como se a música mais linda tomasse forma humana e por instantes eu pudesse não cantar, mas me deixar tocar por todas as notas... de você, minha mais bela canção...
A distância é o alimento de minhas fantasias...
É o que dá vida aos poemas insólitos de saudade...
É o vento que permeia as montanhas fúnebres de um sentir proibido...
Então me entrego às lágrimas sentidas de canções bregas...
Escrevo coisas para entregar te, que nunca chegam...
Imagino cenase lindas e recheadas de paixão...
Até que depois de passearmos juntos pelo infinito livres das amarras dos nossos corpos...

Acordo mais um dia...
Com a cama vazia...
Mas ainda com a alma cheia de ti...

Cleber Otavio.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Sabedoria das Aguas

Será que cavalgarei assim
Sempre solitário pela vida afora?
Eu e meus guias
Eu e meus pensamentos...

Em meus pensamentos
Viro um grande pássaro
Que desbrava a fúria das montanhas
Ou a imensidão dos oceanos
Vôo incansável até o fim do mundo...

No fim do mundo
Entôo canções de misericórdia
Aos pés da grande senhora
Em sua lagoa me espelho...
Então me faço Lagoa
E em sua força me desfaço
Para então por instantes vivenciar
A grandeza e a sabedoria de suas águas...

Depois de algum tempo
Das águas me liberto
E Com suas forças
Tomo meu posto diante dos Deuses...

Na espada do grande guerreiro me refaço
e nela encontro boa parte de minhas forças...
Na adaga da grande senhora que faz girar a roda da vida me componho...
Com a bênção de todos os ancestrais...
A paz que antes fora perdida...
Renasce
E o amor desencanta os muitos caminhos da grande mãe...
Do grande pai...

É assim Sigo cavalgando pela vida
Solitário apenas aos olhos dos menos evoluído...
Mas sem jamais estar sozinho...

Cleber Otavio.