terça-feira, 12 de setembro de 2017

Da Fuga


Perdi-me muitas vezes pelo mar,
o ouvido cheio de flores recém-cortadas,
a língua cheia de amor e de agonia.
Muitas vezes perdi-me pelo mar,
como me perco no coração de alguns meninos.
Não há noite em que, ao dar um beijo,
não sinta o sorriso das pessoas sem rosto,
nem há ninguém que, ao tocar um recém-nascido,
se esqueça das imóveis caveiras de cavalo.
Porque as rosas buscam na frente
uma dura paisagem de osso
e as mãos do homem não têm mais sentido
senão imitar as raízes sob a terra.
Como me perco no coração de alguns meninos,
perdi-me muitas vezes pelo mar.
Ignorante da água vou buscando uma morte de luz que me consuma.

Frederico Garcia Lorca

sábado, 2 de setembro de 2017

Armadura


A montanha solitária é aonde descansam as almas dos grandes guerreiros...
Para chegar lá...
Terás que ser honesto
Terás que dizer a verdade
Terás que fazer o teu melhor
E ainda assim sempre haverá aqueles que dirão Que suas palavras são falsas...
Que suas atitudes são levianas
Que o seu melhor não é suficiente...

Serás testado até o limiar da loucura
E quando sentires que não precisas mais do aval do outro para ser você mesmo...
Quando as atitudes insanas na sua volta deixarem de te afetar...

Então é sinal que a armadura que foi dada a ti pelos grandes guerreiros está sendo usada.
Por fim acordas um dia abraçado na doce solidão das montanhas com a inigualável sensação de ter vencido a si mesmo...

Cleber Otavio.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Canção

Beijar te? É como se a música mais linda tomasse forma humana e por instantes eu pudesse não cantar, mas me deixar tocar por todas as notas... de você, minha mais bela canção...
A distância é o alimento de minhas fantasias...
É o que dá vida aos poemas insólitos de saudade...
É o vento que permeia as montanhas fúnebres de um sentir proibido...
Então me entrego às lágrimas sentidas de canções bregas...
Escrevo coisas para entregar te, que nunca chegam...
Imagino cenase lindas e recheadas de paixão...
Até que depois de passearmos juntos pelo infinito livres das amarras dos nossos corpos...

Acordo mais um dia...
Com a cama vazia...
Mas ainda com a alma cheia de ti...

Cleber Otavio.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Sabedoria das Aguas

Será que cavalgarei assim
Sempre solitário pela vida afora?
Eu e meus guias
Eu e meus pensamentos...

Em meus pensamentos
Viro um grande pássaro
Que desbrava a fúria das montanhas
Ou a imensidão dos oceanos
Vôo incansável até o fim do mundo...

No fim do mundo
Entôo canções de misericórdia
Aos pés da grande senhora
Em sua lagoa me espelho...
Então me faço Lagoa
E em sua força me desfaço
Para então por instantes vivenciar
A grandeza e a sabedoria de suas águas...

Depois de algum tempo
Das águas me liberto
E Com suas forças
Tomo meu posto diante dos Deuses...

Na espada do grande guerreiro me refaço
e nela encontro boa parte de minhas forças...
Na adaga da grande senhora que faz girar a roda da vida me componho...
Com a bênção de todos os ancestrais...
A paz que antes fora perdida...
Renasce
E o amor desencanta os muitos caminhos da grande mãe...
Do grande pai...

É assim Sigo cavalgando pela vida
Solitário apenas aos olhos dos menos evoluído...
Mas sem jamais estar sozinho...

Cleber Otavio.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Caminho Incansável


Caminho e meus pés tocam o que a estrada oferece...
Caminho e meus guias me mostram apenas o que minha mente, meus olhos e meu coração
está disposto a ver, tocar ou sentir...

Caminho... e meu caminhar é sempre de aprendiz...
Caminho e na busca de curar-me vou curando os moribundos que encontro
e a luz que me ilumina irradia não apenas os porões de minha alma
mas também das almas que toco...

Caminho e por vezes apenas por caminhar fico surdo, mudo e cego para o que não me faz bem...
Caminho... e a cada passo vivo uma nova lição... Percebo coisas que sempre ali estiveram, mas nuncas foram vistas...
Toco coisas que nunca toquei porque nunca me permiti...
Sinto coisas que nunca senti porque meu coração cria um muro em sua volta para proteger-me de mim e do que o despedaça...

Por fim caminho sempre e mesmo machucado, cansado não deixo de caminhar
porque a roda da vida anda sempre para frente e o segredo da cura...
mora no movimento...
Então caminho incansável até o fim...

Cléber Otávio.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Luz e escuridão


Não há fronteiras que separem os medos e as dores da alma...
A cada passo em direção a eternidade
Se abrem caminhos internos.

Entre a luz e a escuridão moram as escolhas e o silêncio eterno dos sábios...
As paixões distorcem olhares serenos e entorpecem os sentidos...
O amor alimenta a alma e mostra a verdade sobre todas as coisas...

Quando se tem amor próprio...
Atrai-se amor e bem viver em tudo...
Quando não...
Há apenas miséria e dor...

Cleber Otavio.

domingo, 9 de julho de 2017

Sozinho...


Todos os meus sentidos te procuram...
Mas não te encontram
Então Peregrino pelas muitas estradas
Situadas entre os apelos sagrados ou mundanos
Que encontro pelos caminhos e descaminhos de um andar solitário...

A saudade me faz derramar lágrimas ao cantar nossas canções...
Me faz curar tua falta em falos falsos ou em travesseiros sinuosos como teu corpo...
Me perco entre a realidade e a fantasia e por vezes me perco de mim na esperança de te encontrar...

Mas há um imenso espaço que nos separa...
Algo que te faz inalcansável como o sentimento que nutro...
Então sigo sozinho, na dor imensa e inconstante que tua falta provoca em minha alma...

Cleber Otavio