terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Tudo em Mim

Tudo em mim é revolta quando a aceitação me desafia...
Tudo em mim é começo quando me deparo com um grande desafio...
Tudo em mim é desafio quando me deparo com um começo...
Tudo em mim é ternura quando me componho em tua presença...
Tudo em mim é poesia quando a inspiração me invade os sentidos...
Tudo que há em mim são horizontes quando estou apaixonado...
Tudo que há em mim é desapego quando a rejeição me assola...
E por fim tudo que há em mim é vitória quando lembro que só enxergo as coisas lindas do mundo como o amor e a temperança...
É porque já despertei tais sentimentos em mim...

Cléber Otávio.

Solidão das Montanhas

Caminhos que vão
Caminhos que vem
Caminhos fúnebres que exalam dor
Lágrimas...

Mas os ventos aos poucos afastaram as nuvens escuras...
e a poesia apareceu novamente em cada caminho observado.
A cada passo as flores dançavam
A cada passo as árvores vibravam como amantes que se tocam pela primeira vez...
Cada passo fazia aproximar as cores que outrora foram distantes.
Correntes que o levaram longe...
a lugares ora lindos, ora sombrios...
As lembranças vão ficando para trás junto com o mar...
Lágrimas...

Uma voz ecoava suave, um chamamento equidistante...
Lábios rosados, lábios que deram corpo a tal voz...
Um cantar sentido
um viver sentido
lágrimas sentidas...

"Um anjo sonâmbulo a alimentar seu pupilo..."
Que ao crescer o devora.
Sai voando par o além mar, para além das montanhas...
E ainda assim uma canção torpe ecoava nas brumas espessas que abraçavam o jovem pássaro...
O ninho vazio lhe chama, mas as brumas o desafia a voar cada vez mais alto...
Mas uma estiagem... uma brecha na paisagem velada pelas brumas mostrou lá embaixo, uma pequena sombra...
Um pássaro morimbundo... em meio as pedras que ao refletir em suas penas os raios do Sol que aos poucos surge dos vales distantes...
- Sim você pode voar ainda...
Goreki ... meu amigo, venha a montanha solitária nos espera... força...
Então os horizontes antes perdidos em sonhos, já esquecidos tomam forma sob a prateada luz da Lua que alivia a escuridão dos seus tortuosos caminhos.
Mais uma vez voaram juntos...
Pela última vez voaram para o exílio...
Vidas inteiras a voar
para um dia refazer-se na solidão da montanha...
Despedaçar-se, definhar num sacrifício que por momentos parece eterno...
Tempos depois... renovam-se as penas, os desejos, a força e a altitude de seus novos vôos...
Renova-se o tempo...
Ninhos itinerantes apontam novos caminhos...
lindos e intermináveis como o infinito azul...
Lá vão eles rumo ao desconhecido caminho...
Tendo agora o maior desafio que antes nunca tiveram...
Mergulhar no nevoeiro espesso do inconsciente sem se perder de si mesmo...
Enfrentar os seus maiores monstros e medos sem deixar esvair as chamas da paixão em seu olhar...
Perdoar-se das coisas mais inescrupulosas, reconhecer seus maiores pânicos nos olhos alheios e ainda assim se perdoar... ainda assim vivenciar a entrega quase insana de sempre se permitir amar e ainda assim do penhasco se jogar como se fosse a primeira vez...
e Então ao ultrapassar a névoa espessa, os rochedos pontiagudos da montanha ,
a refletir o azul do céu, o azul do mar o recebe... um grande espelho, um grande portal... o início de tudo...

Caminhos que vão, caminhos que vem...
Caminhos que superaram as dores...
Lágrimas...

Lágrimas que agora são de uma saudade bonita pela inocência que fora perdida...
Lágrimas de felicidade que estilhaçam os maus pressádios...
Lágrimas pelo que não pode ser tocado ou direcionado, mas apenas sentido...
Viver e sentir é o que lhes restou é o que preenche suas almas de alegria todos os dias...

Cléber Otávio.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Noite Longa

Seus olhos verdes tem a profundidade do mar...
Mãos pequenas e macias que acariciam não apenas um mero corpo carente de amor,
mas a alma de um guerreiro cansado da dor...
A dor do exílio, das traições,
a dor de ter de sentir as próprias dores...
Mas por alguns instantes tudo parece ter sumido,
as dores do coração, as chagas da alma e as lágrimas de sangue que hoje regam seu jardim...
Tudo e todos desapareceram por instantes e ficaram apenas os dois...
As mãos percorrendo cada curva de seus corpos e um cantar sentido de uma alegria sincera em cada coração...
Paz...
E então sobre as vestes da Lua
a canção entra - lhe mente á dentro
e uma doce lembrança tomou conta dele...
Percorrendo novamente estradas funestas de uma solidão Nefasta,
sua alma passeia solitária nos campos verdes e floridos do amor...
Dor...
A noite longa aprisionou sua alma em exílio...

Mas um dia, sim um dia...
o dia há de raiar em seu Coração...

Cléber Otávio.

Existir

Há uma força que tudo cuida, que tudo rege
Há uma mística no ar que não se explica, apenas se sente.
Há um grande espírito que tudo ama, que tudo compreende
Que tudo geri e gesta
Que controla o tempo e jamais se cansa de existir...

Cléber Otávio.

Dezessete

17 são os anos que se foram
17 era a idade que ele tinha quando decidiu fugir de tudo que mais amava e desejava
Há 17 anos ele tinha 17 anos
Há 17 anos quem ele um dia chamou de filho nasceu,
17 arcanos que ao décimo sétimo passo prometiam a liberdade de sua alma que até então tem sido exilada dos campos verdejantes do amor...
17 amantes, 17 anos, 17 tentativas de esquecer o inesquecível...
Partiu...
Partiram sempre como se uma maldição assolasse seus caminhos.
Mas os amores se transformam e se há 17 anos ele fugiu de tudo que mais amava, hoje 17 é a idade de tudo que mais ama e 17 vezes pensará quando o medo vier lhe assaltar com devaneios de fuga...
17 vezes, 17 anos clamou por misericórdia à grande mãe...
17 lágrimas de sangue sentidas que ao cair no chão fizeram brotar 17 Lírios...
Bendito seja! Roga seu Eu interior!
Bendito seja o manto da grande senhora do fundo do mar...
Bendito sejam os Lírios do grande Pai.
Bendito seja a hora de terminar este 17° ciclo...
Bendita seja a hora, sim bendita seja a hora de acabar este exílio...
Bendito sejam os Guardiões do Submundo que lhe abriram os olhos
Bendita seja Nanã Burukê que não lhe deixou esquecer como se ama...

Cléber Otávio.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Te vejo



Seus olhos são como estrelas
brilhantes e profundos
desvendo-os e entro noutro mundo
viajo e imagino que estamos sós,
nós...
céu.
Tocar-te, não posso
olhar-te, sim
desejo,
misto de sentimentos
meus olhos nos teus...
A viagem é curta,
tenho que voltar
mas como é bom sonhar e nos teus olhos
navegar.

Evelize Cristina

domingo, 27 de outubro de 2013

Última manhã...


É, parece que me esqueci
Me esqueci como é que se ama
Me esqueci de como é estar em êxtase, impulsionado por uma paixão...
Me esqueci das cores do amor e do cortejo singelo de um anoitecer.
Me esqueci do teu rosto, da cor dos teus olhos e do calor de tua pele
que acendia uma chama que por instantes queimava todas as mazelas que outrora me acompanhavam...

Apenas a guerra está presente, a luta; e tais armas são inúteis nos campos floridos do coração.
As curvas da estrada ainda são as mesmas, mas as do teu corpo não,
Os pássaros continuam voando rumo ao horizonte e o Pai Sol continua a brilhar tua doce lembrança...

Acordo mais um dia sozinho e as flores de nosso jardim reclamam tua falta,
Enfim me esvaí em lágrimas por dentro...
A noite veio e a escuridão tomou conta dos céus...

Á beira do mar da grande senhora me libertei dos grilhões que não me deixavam andar...
O medo se transformou em certeza e renasceu a esperança...
Ainda acordo sozinho, mas hoje sou eu que vôo em busca de um novo horizonte,

Os ventos que tocam minha face levam minhas dores e a distância da terra me fez tocar o céu...
Os portais do infinito se abriram e em doces sonhos te invado como se a terra chorasse sua última manhã...

Cléber Otávio