sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Noite Longa

Seus olhos verdes tem a profundidade do mar...
Mãos pequenas e macias que acariciam não apenas um mero corpo carente de amor,
mas a alma de um guerreiro cansado da dor...
A dor do exílio, das traições,
a dor de ter de sentir as próprias dores...
Mas por alguns instantes tudo parece ter sumido,
as dores do coração, as chagas da alma e as lágrimas de sangue que hoje regam seu jardim...
Tudo e todos desapareceram por instantes e ficaram apenas os dois...
As mãos percorrendo cada curva de seus corpos e um cantar sentido de uma alegria sincera em cada coração...
Paz...
E então sobre as vestes da Lua
a canção entra - lhe mente á dentro
e uma doce lembrança tomou conta dele...
Percorrendo novamente estradas funestas de uma solidão Nefasta,
sua alma passeia solitária nos campos verdes e floridos do amor...
Dor...
A noite longa aprisionou sua alma em exílio...

Mas um dia, sim um dia...
o dia há de raiar em seu Coração...

Cléber Otávio.

Existir

Há uma força que tudo cuida, que tudo rege
Há uma mística no ar que não se explica, apenas se sente.
Há um grande espírito que tudo ama, que tudo compreende
Que tudo geri e gesta
Que controla o tempo e jamais se cansa de existir...

Cléber Otávio.

Dezessete

17 são os anos que se foram
17 era a idade que ele tinha quando decidiu fugir de tudo que mais amava e desejava
Há 17 anos ele tinha 17 anos
Há 17 anos quem ele um dia chamou de filho nasceu,
17 arcanos que ao décimo sétimo passo prometiam a liberdade de sua alma que até então tem sido exilada dos campos verdejantes do amor...
17 amantes, 17 anos, 17 tentativas de esquecer o inesquecível...
Partiu...
Partiram sempre como se uma maldição assolasse seus caminhos.
Mas os amores se transformam e se há 17 anos ele fugiu de tudo que mais amava, hoje 17 é a idade de tudo que mais ama e 17 vezes pensará quando o medo vier lhe assaltar com devaneios de fuga...
17 vezes, 17 anos clamou por misericórdia à grande mãe...
17 lágrimas de sangue sentidas que ao cair no chão fizeram brotar 17 Lírios...
Bendito seja! Roga seu Eu interior!
Bendito seja o manto da grande senhora do fundo do mar...
Bendito sejam os Lírios do grande Pai.
Bendito seja a hora de terminar este 17° ciclo...
Bendita seja a hora, sim bendita seja a hora de acabar este exílio...
Bendito sejam os Guardiões do Submundo que lhe abriram os olhos
Bendita seja Nanã Burukê que não lhe deixou esquecer como se ama...

Cléber Otávio.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Te vejo



Seus olhos são como estrelas
brilhantes e profundos
desvendo-os e entro noutro mundo
viajo e imagino que estamos sós,
nós...
céu.
Tocar-te, não posso
olhar-te, sim
desejo,
misto de sentimentos
meus olhos nos teus...
A viagem é curta,
tenho que voltar
mas como é bom sonhar e nos teus olhos
navegar.

Evelize Cristina

domingo, 27 de outubro de 2013

Última manhã...


É, parece que me esqueci
Me esqueci como é que se ama
Me esqueci de como é estar em êxtase, impulsionado por uma paixão...
Me esqueci das cores do amor e do cortejo singelo de um anoitecer.
Me esqueci do teu rosto, da cor dos teus olhos e do calor de tua pele
que acendia uma chama que por instantes queimava todas as mazelas que outrora me acompanhavam...

Apenas a guerra está presente, a luta; e tais armas são inúteis nos campos floridos do coração.
As curvas da estrada ainda são as mesmas, mas as do teu corpo não,
Os pássaros continuam voando rumo ao horizonte e o Pai Sol continua a brilhar tua doce lembrança...

Acordo mais um dia sozinho e as flores de nosso jardim reclamam tua falta,
Enfim me esvaí em lágrimas por dentro...
A noite veio e a escuridão tomou conta dos céus...

Á beira do mar da grande senhora me libertei dos grilhões que não me deixavam andar...
O medo se transformou em certeza e renasceu a esperança...
Ainda acordo sozinho, mas hoje sou eu que vôo em busca de um novo horizonte,

Os ventos que tocam minha face levam minhas dores e a distância da terra me fez tocar o céu...
Os portais do infinito se abriram e em doces sonhos te invado como se a terra chorasse sua última manhã...

Cléber Otávio

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Versos

Na ânsia de fazer um verso
e na falta de inspiração
Fechei os olhos, larguei o lápis
e dei asas à imaginação.
Ela voou tão alto, foi tão longe
que na semana seguinte recebi um postal:
- Passarei as férias no Caribe só volto para o Carnaval.

Elisa H. G. Bernardon

domingo, 1 de setembro de 2013

Ilusões

Ilusões de encanto,
Ilusões de paixão,
Ilusões amorosas,
ilusões sentidas que o levam a passear num imenso bosque encantado
Repleto de fantasias, desejos e saberes da terra...
Um lugar para todos, onde pulsa um pedaço do infinito e todos os sonhos acontecem naturalmente...
Lá as ilusões são a verdade...
Lá ele pode passar por corpos ou almas, sem tocar ou ser tocado...
Pode aquecer, ou esquecer de tudo e entregar-se a poesia mundana que os corpos quentes o convidam a sentir...
Sentir o amor que pulsa em sua alma e que só nela pode ser sentida...
O amor que vê-se no castanho dos olhos do seu amado, que não pode ser tocado ou alcançado...
O amor que aquele sentir não realiza, que sua mente insana não larga...
Que as declarações mais tórridas e todas as poesias versadas ou cantadas não conquista, mas afasta...
Para não perder a poesia, o pajem que nele habita o leva em seu unicórnio azul para este mundo de sonhos e ilusões...

O que era fraterno, um dia ganhou pulso, desejo e um amor profundo que fora resgatado na alma deles...
Mas como outros amores que outrora se foram... funebremente perderam a poesia do seu ser.
Funebremente se esvaíram como uma maldição que ânsia pelo seu fim...
Uma folha que não tem espaço para escrever novas histórias, textos ou poesias, pois está toda amassada, furada, rasgada e riscada...
Então o caminhar em direção ao horizonte verdejante devolve o calor ao seu espírito e alivia suas dores...
o deserto, o vale das sombras e o bosque encantado ficaram pra trás, pois não se pode viver lá pra sempre...

Agora leve, livre de tais ilusões...

Restou apenas ele, seus escudos, espadas e armas de um guerreiro iniciado...
Uma nova estrada pronta para ser desbravada pelo sonhador que nele vai sempre morar...
Ou um caçador de ilusões que nunca há de chorar...

Cléber Otávio.