sábado, 28 de julho de 2012

Vislumbro

Vislumbro sua partida
e neste dia, todos os anjos se calarão...
Florestas encantadas de dores formarão um grande tapete de folhas secas
e num lindo outono dourado os pássaros cantarão tristes com saudades da primavera...
Os amores reais, não aprisionam, mas libertam!
Ao compreender isso as asas dessa liberdade inconstante
me farão voar junto das aves em busca do calor que me roubaste.
Vislumbro sua partida e não consigo encontrar nada que possa mensurar tal dor...
Contigo levas um pedaço de mim e como cristal meu coração se estilhaça sem que eu nada possa fazer...
Mas já me perdoei dos erros que não poderei reparar, já te perdoei.
Já perdoei a vida por te levar de mim...
É inverno e os antepassados dançam com os humanos em volta da fogueira e os deuses apenas observam a fragilidade do que pensamos que é ter fé.
Então apenas sigo seguro com a solidão feliz de saber que vivi o que havia de melhor em mim, sigo com a tranquilidade de que minhas lágrimas de saudade não trarão nada do passado de volta...
Já não vislumbro o mundo pelos teus olhos,
e com a suavidade dos ventos que tocam minha face quando vôo na busca de calor,
do alto das nuvens que me acariciam, apenas vislumbro sua partida...
apenas vislumbro...

Cléber Otávio

terça-feira, 17 de julho de 2012

Escultura de Palavras




Pintura de Brenda Burke


Na terra das palavras abandonadas
Dos sonhos invisíveis
E da terra suja e molhada
Ouço um grito longínquo
Que me diz ser uma parte de mim!

Respondo com a minha ingenuidade
Mostro-lhe as minhas pétalas
E ergo-me sua escrava
Orgulhosa da minha condição!

Tento tocar-lhe
Mas ele diminui o seu volume
Foge pelo imaginário
E distancia-se da minha realidade!

Choro
Dou o meu próprio grito
Ouço-me novamente
E percebo que eu própria sou vários
Que nunca me deixarão sozinha!

Poema de Teresa Poças

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Laranja Móvel

Num cantinho do mundo situado entre as nuvens e o verde gramado a beira rio eles se perdiam em devaneios licérgicos e eletrônicos...
Pensamentos se encontram e voam com o vento em direção a um mundo paralelo no qual só eles entendem.
A solidão tentou assolar sua alma novamente, mas com o reencontro a lucidez de uma eterna temperança tomou conta da laranja móvel que ao seguir os encantos da Lua cheia pousou em Alvorada...

Cléber Otávio
Jonas Malasiuk e
Junio Monteiro

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Amar

Fechei os olhos para não te ver
e a minha boca para não dizer...
E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...

O amor é quando a gente mora um no outro.

Mario Quintana

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Meninos


Entre tantas comuns, nasce uma fruta estranha...
Um dia o horizonte marítimo pareceu não ter fim, mas uma providência transoceânica lhe fez desbravar os 7 mares.
Perdido no mundo adulto seu ser sempre se conecta com a sua matriz.
A terra do nunca sempre lhe chama...
Lá todos os olhos tem a imensidão do mar...
Todos os corações são valentes...
Toda maldade se dilui com a temperança
e todas as formas de amor acontecem naturalmente...
Por trás dos olhos negros daquele menino ele encontrou os restos quase mortos de sua matriz...
O grande espírito sempre sabe o que faz...
Não importa o tempo e a distância, dois espíritos sempre podem se reconhecer...
Com a rapidez que a luz se propaga na escuridão ele viu um fogo tímido crescer naquele rosto, naqueles olhos...
Um longo abraço no qual um sentir indescritível acontece, como se estivessem em outro lugar e tudo que houvesse em volta deixasse de existir. Ao voltarem do abraço, a realidade lhes cerca outra vez, mas a chama ficou acesa... incendiando e entopecendo-lhes os sentidos...
O tempo passa e inevitavelmente... As mãos se encontram, os lábios se encontram, numa egrégora incendiária de uma paixão inebriante que lhe assaltam os sentidos,
e... Naquele pequeno pedaço de chão renasce a terra do nunca com toda a sua força, desabrochando como as flores na primavera por detrás dos olhos deles...
Na despedida, apenas um dizer: - Até o infinito... E ao adormecer em sonhos as duas almas novamente se encontram...
E assim passou o tempo...
A maldade nos olhos de uma mãe possessiva, fez seu menino desistir dos sonhos...
Paralisado pelo medo, pela culpa, julgava não ser merecedor de vivenciar sentimentos tão eternos...
O infinito já não mora no fundo dos seus olhos e as flores do amor, murcharam, murcharam, murcharam até encontrar a noite escura de sua morte...

Cléber Otávio


"... Quem não está vivo não pode morrer..."

Projota - (Meninos)

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Brincar de ser menino


Entre Bocas e batidas eletrônicas me fiz distante...
As matas movimentam-se com o vai e vem dos amantes, a poesia entranha a terra com gotas de sêmen...
Entre os sonhos e o infinito minha alma se depara com a tua...
Um Grito distante ecoa no vale das sombras, soltando monstros em forma de doença, medo e desespero...
Mas é necessário apenas um passo para não estar mais no mesmo lugar...
O medo sempre se dissipa na terra do nunca e a mesma poesia que traz vida à terra ludicamente me faz desapegar de tudo e por alguns instantes apenas brincar de ser menino...
Desbravando os vales cobertos de flores ao qual corremos nus;
Entrelaçados em meio à pétalas e desejos os Elfos brincam de roda a nossa volta enquanto a Lua se deita...
e no leste de nossas paixões o Sol se levanta dissipando as sombras e o medo...
despertando a luz do absoluto no fundo de nossas almas...

Cléber Otávio

terça-feira, 26 de junho de 2012

Singelo Luar

Mesmo que eu quisesse, não poderia apagar-te de mim...
Não são apenas os meus lábios nos teus
mas meu nome que está tatuado em tua alma...
Não é apenas o fogo em nosso ventre,
Mas um laço cármico forjado em nosso darma...
o amor é bem maior que a mediocridade,
é maior que os preconceitos que herdamos de nossa educação infame,
é maior até que a minha vontade de fugir
é algo que vai muito além das estrelas...
Um sentimento que Transcende a própria vida e a morte.
mas... se no clarão de um singelo luar alguém tocar teu corpo como eu...
Não diga nada...
Pois ainda assim o amor continuará sendo maior...


Cléber Otávio