sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Atlanta




Entre o chão e as nuvens é como vivem a maioria dos seres...
entre a mente consciente e a realidade é o que vivem...
Mas minha mente teima em destemidamente adentrar a noite profunda...

A noite profunda do mundo, a noite profunda que impõe meu inconsciente quando mergulho em suas águas profundas e obscuras...
Lá não sou apenas um espírito, mas a imagem do grande espírito
lá não sou parte do todo, sou o todo,
lá não sou parte da paisagem ou do rio, mas sou...

Sou lá e também sou aqui quando os minha consciência se expande e alcanço a liberdade de ser parte do todo,
de ser rio ou mesmo o vento que acaricia as aves na montanha solitária...

Atravesso as montanhas e pelo torpe inconsciente do mundo chego em Atlanta, a pátria mãe de tudo que conhecemos...
Navego na imensidão do mar do que me é permitido ver e viver, mas apenas algumas impressões na alma acordaram...

Mas agora sei que minha mente não me aprisiona mais, nem nenhum poder que rege este mundo...
Liberdade é ser simplesmente como a Deusa mãe me fez em minha essência...
Nasci perfeito e com essa consciência, e aos poucos a vida me fez esquecer quem eu era...

A fênix retorna a sua pátria mãe, e de lá lidera sua ordem...
Renascer é alcançar um novo estágio de consciência é ser a poesia que o ser Supremo escreveu ao nos criar...
O chão e as nuvens ainda dizem alguma coisa?
Sim, o chão que piso e as nuvens são miragens deste plano,
um desafio diário para que eu não esqueça, não de onde vim, mas quem realmente sou...

Cléber mestre Psicopompe Ilú...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Shadows / Sombras



A pantera negra correu pela floresta até encontrar sua presa...
e quando teve medo de sua sombra, dançou com ela,
para no fim perceber que não podia mais ter medo da sombra que ela mesmo projetava...

Cléber Otávio
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The black panther ran through the forest until it found its prey ...
And when he was afraid of his shadow, he danced with her,
in the end realizing that he could no longer be afraid of the shadow she projected herself...

Cléber Otávio

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Fernão Capelo Gaivota


...Todas a Aves param ao olhar ele voar...
Passou como um raio pelo bando de gaivotas
deixando todos espantados com a rapidez que atingira...

Feliz e realizado com as suas descobertas
"quando souberem do triunfo pensava, ficarão loucos de alegria
como vale a pena agora viver! em vez da monótona labuta de procurar peixe unto dos barcos de pesca, temos uma razão para estar vivos!
Podemos subtrair-nos à ignorância
podemos encontrar-nos com criaturas excelentes, inteligentes e hábeis, podemos ser livres, podemos aprender a voar!
As gaivotas estavam reunidas em concelho quando ele Aterrou, e segundo parecia já estavam em reunião algum tempo, na realidade estavam à espera dele.
- Fernão Capelo Gaivota! É chamado ao centro! As palavras do mais velho foram pronunciadas num tom mais solene. Ser chamdo ao centro só podia significar grande vergonha ou grande honra. ser chamado ao centro por honra era a maneira como eram designados os principais chefes das gaivotas. "claro", pensou , "o bando da alimentação esta manhã viu o triunfo! Mas eu não quero honras. Não me interessa ser chefe, só quero partilhar o que descobri, mostrar a todos, esses horizontes que estão à nossa frente" Avançou um passo.
- Fernão Gaivota disse o mais velho - é chamado ao centro por vergonha aos olhos das Gaivotas, suas semelhantes!
Foi como se lhe batessem com uma tábua. Os joelhos enfraqueceram-lhe, as penas tombaram-lhe, um enorme rugido ensurdeceu-o.
"ser chamado ao centro por vergonha? Impossível! O triunfo! Eles não podem compreender! estão errados! Estão errados!"
-... Pela sua desastrada irresponsabilidade - Entoava a voz solene, - por violar a dignidade e tradição da família das gaivotas...
Ser chamado ao centro por vergonha significava ser banido da sociedade das gaivotas, desdenhando para uma vida solitária nos penhascos longuínquos.
- ... um dia Fernão Capelo Gaivota aprenderá que a irresponsabilidade não compensa. A vida é o desconhecido e o desconhecível, mas não podemos esquecer que estamos neste mundo para comer e para nos mantermos vivos tanto quanto pudermos...
Uma Gaivota nunca contesta o conselho do bando, mas a voz de Fernão ergueu-se gritando:
- Irresponsablidade? Meus irmãos! Quem é mais responsável do que uma gaivota que descobre e desenvolve um significado, um propósito mais elevado na vida? Passamos mil anos lutando por cabeças de peixe, mas agora temos uma razão pra viver, para aprender, para descobrir, para sermos livres!
Dêem -me uma oportunidade, deixem-me mostrar o que descobri...
O bando mostrou-se impenetrável como pedra.
- Quebrou-se a irmandade - entoaram em conjunto todas as gaivotas e, em perfeito acordo taparam solenemente os ouvidos e viraram-lhe as costas.

Fernão Gaivota passou o resto dos seus dias sozinho, mas vou muito além dos penhascos Longínquos. A Solidão não o entristecia. Entristecia-o que as outras gaivotas se tivessem recusado a acreditar na glória do vôo que as esperava. Recusaram-se a abrir os olhos e a ver...

Aprendia cada vez mais. Aprendeu que um eficiente mergulho a grande velocidade lhe dava um peixe raro e saboroso que vivia a três metros da superfície do mar, já não precisava de barcos de pesca nem de pão duro pra viver. Aprendeu a dormir no ar, estabelecendo um percurso noturno pelo vento do largo, cobrindo cento e cinquenta quilômetros desde o ocaso até a aurora. Utilizando o mesmo controle interior , voou através de nevoeiros cerrados e subiu acima deles para céus estonteantes de claridade... enquanto qualquer outra gaivota ficava na terra conhecendo apenas neblina e chuvas. Aprendeu a dominar os altos ventos do continentes e a jantar ali os delicados insetos...
O que desejava para o bando tinha-o agora só pra si. Aprendera a voar, não lamentava o preço que pagara por isso. Fernão gaivota descobriu que o tédio, o medo e a ira sã as razões do porque a vida de uma gaivota é tão curta, e sem isso a perturbar-lhe a cabeça vivu de fato uma vida longa e feliz..."

(trecho do livro Fernão Capelo Gaivota, 1970)
Richard Bach
Fotografia de Russel Munson

Este livro é das coisas mais maravilhosas que já li e neste momento me identifico muito com este trecho do livro, pois é exatamente o que vivo agora, é exatamente como me sinto...
No entanto acredito que o futuro promissor de Fernão é o que me espera... E mais tarde como ele Voltarei ao bando, não a espera de glórias, mas para ensinar o que aprendi nesta nova maneia de viver...
A família é a origem do ser humano, sua referência e para aonde ele pode sempre voltar, mas pode ser também o câncer que que lhe mata por dentro, a doença que lhe degenera quando sua autenticidade se impõe a medíocre forma que maioria das pessoas vivem...

Cléber Otávio.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Jera...


Flutuação em estado de emergência é aonde navegam as minhas lembranças....
Lá... aonde se pode tocar o infinito
Lá... aonde o arco iris termina de ligar o céu e a terra...
Lá aonde os sentimentos ganham forma...
Todos os caminhos me levam ao templo sagrado que carrego...

No espaço aonde navegam minhas memórias e desejos a realidade do meu interior se transforma e tudo parece mudar o sentido por instantes...
Tudo parece mudar...
Pégasus sobrevoa a floresta sagrada e os Séfiros anunciam junto de Diana os confins de uma era que encontra seu fim em mim...

As corujas me acompanham e então chego ao meu destino...
O fim...
O começo...
E então no reino dos mortos purifico meu ser...

Pela chama sagrada dos guardiões que estilhaçam as sombras que ainda restaram...
Uriel invoca as chamas da criação e por fim renasço...
Mais uma vez...
Em vida...

Como bom xamã danço com minhas sombras... corro ao lado do desespero para não esquecer quem fui e porque me vigio como um lobo que uiva no alto da montanha...
Uivo pra mãe Lua e em sua luz me encontro comigo para nunca mais me perder de mim...

Cléber Otávio.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Este Sou Eu...



Ele caminha pelos vales e montes infinitos do nunca a perseguir seus sonhos
Sonhos que se perderam no nevoeiro espesso que se faz cortina dos mundos que sua alma passeia antes de voltar ao corpo á noite...

Seu querer parece distante...
A esperança vem na luz de um moribundo espiritual
Seu menino...
que buscou tantas vezes seus abraços em corpos doentes que adoeceu também...

A volta...
"... O quão profundo é o seu amor ele questiona ao menino?
Como o Oceano?
esta é sua devoção?
Quão profundo é o seu amor?
Como o Nirvana?"

Sandra Chambers canta versos de amor no rádio...
estilhaçando ainda mais seu peito
Pelo telefone um lamento de dor de um irmão, lhe traz a lucidez,
na dor do outro ele se encontra e num desespero coletivo de carência
da dor Renasce o amor...
O lamento dá um novo caminho...
Leva ao santuário dos Deuses, o amor que nasce das flores da temperança...

Que corre em cavalos negros aprofundando-se na noite escura de uma ignorância infantil
sobre o desconhecido amor que se revela no despertar das almas...
Então eles descobrem que estavam mortos, cegos, errantes,
vítimas de um querer pueril que os distanciou da fé, do amor de si mesmo ou da energia que os criou...

A moral estúpida dos homens
os afastou deles, de sua pátria mãe...
De quem eles realmente eram...
desaprender a sentir fez com que eles esquecessem de quem eram
fez com que chamassem de minha vida uma vida que não era sua
fez com que tomassem dores que não eram suas..
Mas de tudo que os circundava, seus amigos, familiares, filhos...
todos o culpavam por eles serem eles...
Por isso se perderam de si....
só se reencontraram consigo mesmos, quando reencontraram um ao outro...

O medo, o avesso das fantasias se desfará nos encantos da paixão,
As montanhas cairão
O mar que antes ardia em chamas agora é apenas água salgada...
Os corpos que antes eram carne e ossos a espera da morte física
agora eram veículo da vontade dos deuses...
Poesia em verso e prosa que ecoam no infinito
Simplesmente ele, simplesmente Ele...
Enfim Eles,vivendo e vibrando como se fossem apenas um
sem jamais perdem a grandeza da individualidade
e a verdade por trás dos seus olhos...

Este Sou Eu...
esta é uma fotografia do que vivo em meu interior neste momento
Talvez não seja uma aspiração, mas apenas um retrato falado do que sou agora...
A poesia é apenas o reflexo não apenas do que sinto ou intuo, mas daquilo que vem de algum lugar invisível e em minha alma reflete...

Este sou eu...
Meus anseios, meus desejos, minha dor e meu amor...
Para muito sou apenas mais um insano carente...
Mas já não me rendo ao julgamento ignorante de tudo que me cerca,
e tão pouco tenho a inocência de idealizar coisas tão grandiosas como o amor...
idealizo apenas a mim mesmo...

Este sou eu...

Cléber Otávio.